No alto daquele cume

O idioma de Camões ou a Flor do Lácio como dizem, tem palavras que permitem que se criem situações diversas ou até mesmo hilárias, tanto que acabei lembrando um tempo que ficou muito para trás, ou seja, há mais de meio século. Lá pelos fins dos anos cinquenta, com a mãe e os irmãos morávamos no interior do município de Palmas, entre os rios Estrela e Cadeado, onde tínhamos um pequeno armazém que atendia os fregueses das fazendas e de uma madeireira na qual meu tio Julio Gabardo era o gerente e meu mano mais velho, Farides trabalhava no escritório. Nosso pai já havia falecido. Vieram à mente as noites geladas dos Campos de Palmas quando nos reuníamos ao redor do fogão de lenha e minha mãe e meus tios Julio e Antenor, descendentes de italianos começavam a cantoria acompanhados pelo mano que já dedilhava o violão razoavelmente. Não lembro qual dos tios que animado por uns goles de vinho recitava um poema malando com tremendo duplo sentido. Ao me referir a Camões no início da coluna, a sugestão é para que meus cinco ou seis leitores (sou convencido, não?) dêem uma olhada nos dicionários e procurem a definição da palavra CUME que, basicamente quer dizer: cimo, parte elevada, alta, cume da montanha e tem como sinônimos: alto, cima, cimo, píncaro, topo, ápice, apogeu, auge ou clímax. O que me fez lembrar o tio declamando foi o fato de descobrir a gravação da declamação do tal Gaudério Bicudo e também do cantor nordestino Falcão, aquele que veste roupas espalhafatosas e ostenta um enorme girassol na lapela do paletó. Diz a letra do tal poema: – No alto daquele CUME, plantei uma roseira, o vento no CUME bate, a rosa no CUME cheira. – Quando vem a chuva fina, salpicos no CUME caem, formigas no CUME entram, abelhas do CUME saem. – Quanto cai a chuva grossa, a água no CUME desce, o barro no CUME escorre, o mato no CUME cresce. Então quando cessa a chuva, no CUME volta a alegria, e torna a brilhar de novo, o sol que no CUME ardia.

P.S. Peço perdão a quem se sentir melindrado e gostaria de expressar os parabéns ao Jornal Correio pelo editorial de dias atrás que fala do politicamente correto para quem, cantar o Hino Nacional antes das aulas nas escolas é um ato da ditadura, enquanto cantar e dançar funk rebolando o traseiro em sala de aula é expressão artística.  

P.S. Diálogo da secretária com o chefe:

Secretária -Tenho uma má notícia para te dar.

Chefe – Sempre com más notícias, conte pelo menos uma boa.

Secretária – Ok… tenho uma boa, você não é estéril.  

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