O COAXAR DO SAPO

Creio que foi Dona Olidira Otília Gotschild, minha professora de ciências no Curso Normal que em tempos idos ensinou que os sapos coaxam, ou seja, coaxar é a voz do sapo. Um dia admirei a chamada do telefone celular de um amigo que era o coaxar de um sapo e ele o salvou em meu aparelho. Não costumo carregar o celular em locais e horários inapropriados, e a Igreja Católica onde participo com uma equipe de liturgia há uns vinte anos, é um destes locais.

Tempos atrás acompanhava o funeral de um velho amigo quando um filho do mesmo ainda no cemitério convidou-me para ser o comentarista da missa de corpo presente de seu pai. Como não havia me preparado para a tarefa esqueci o celular no bolso e durante a celebração, com os familiares do falecido enxugando as lágrimas, o corpo no caixão em frente ao altar e aquele ambiente literalmente fúnebre eis que se ouviu o coaxar de um sapo fazendo eco pela acústica da nossa Matriz. Todos procuraram curiosos de onde vinha aquele som, quando consegui colocar a mão no bolso, tatear o aparelho e apertando uma tecla aleatoriamente calar o sapo.

Doutra feita lia na missa dominical quando tudo ficou esquisito, parece que o texto escrito dançava diante dos olhos.

Imaginei que havia sujeira nas lentes dos óculos e procurei limpá-las com o lenço quando percebi que havia perdido uma delas. No dia seguinte fui a Igreja onde a senhora que começa a limpeza do local bem cedinho havia encontrado a lente no chão, depois procurei uma ótica e troquei até a armação por outra bem mais confiável.

A última aconteceu no dia 24 de janeiro, deste ano, quando comentava a primeira missa de domingo. Estava ao microfone fazendo o comentário inicial quando senti algo caminhando sobre os cabelos e logo desceu para o pescoço. Inadvertidamente levei a mão e apalpei o intruso, nada menos que uma vespa que aplicou-me dolorida ferroada.

Confesso que mesmo diante de centenas de pessoas e ao lado do padre foi difícil evitar soltar um ai ou um palavrão, até mesmo pelo local onde estava. Algum tempo depois, já em casa, a Joana verificou o sinal onde o bichinho introduziu aquele ferrão que queima como fogo, aplicou uma pomada e tudo ficou resolvido.

Cartaz colado na parede do boteco: Se você bebe para esquecer, pague antes de beber.

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