Aquelas emissoras de rádio que ouvíamos em AM (Amplitude Modulada) foram modernizadas e a maioria agora opera em FM (Frequência Modulada), com sensível melhora do som e em alguns casos com mais potência e alcance. Falando em rádio, lembro de um passado distante e até histórico voltando no tempo mais de meio século. Nascido em Areia Branca dos Assis, hoje um dos distritos de Mandirituba, onde meu pai João Afonso que faleceu com pouco mais de 40 anos, era uma liderança do lugar e bem situado comerciante, com armazém e posto de combustíveis. Um dos poucos que possuía automóvel, seguidamente levava moradores doentes que precisavam receber tratamento em Curitiba distante 48 quilômetros. Dona Nahir, minha mãe, contava que o primeiro aparelho receptor de rádio do lugar foi comprado por meu pai. Era do tipo caixão de abelha, grande, com válvulas e funcionava a bateria, que após alguns dias precisava ser recarregada. Foi instalado numa prateleira do armazém e quase sempre sintonizado em emissoras de São Paulo, que transmitiam notícias e tocavam música sertaneja. Dona Nahir lembrava que vinha gente comprar um litro de querosene para o lampião ou um naco de fumo em corda e ficava horas no armazém para ouvir rádio. Lembrou do velhote João Rita, nosso vizinho, freguês assíduo de nossa casa que um dia pediu ao meu pai: Joãozinho, ponha na música Saudade de Matão. Como fosse possível escolher o que queria ouvir no rádio. Algum tempo depois, já morando no interior de Palmas, era surpreendente a quantidade de homens que se reuniam principalmente aos sábados e domingos na cancha de bochas do armazém da família Correia. Eles haviam comprado um rádio e um Professor Pardal do lugar conseguiu estender uma antena e o rádio e a bateria eram colocados próximo à cancha. Os Correia compraram duas baterias e sempre tinham uma carregada de reserva. Em compensação, foi o tempo em que mais venderam cerveja que era gelada em refrigerador a querosene (havia isso também), muita cachaça, linguiça e sardinha em lata. Cresci ouvindo rádio e com o mano José Itamir tocávamos com duas sanfonas quase todo o repertório dos Irmãos Bertussi, Teixeirinha e a maioria das sertanejas da época. Quis o destino que virasse comunicador de rádio desde o final da década de 60 e permaneci nessa profissão por quase duas décadas.
P.S. Para desopilar o fígado: Depois das prisões de Eike Batista, Joesley Batista, Wesley Batista e do terrorista italiano Cesare Batisti, periga o professor Nilton Batista da UNINTER aqui de Laranjeiras do Sul fugir do país. Parece que o cantor Amado Batista já deu no pé!