Exatamente no dia em que a coluna foi escrita (17/07/2018) a onça que apareceu na cidade de Cascavel foi capturada numa armadilha instalada nas proximidades do Lago Municipal que é um belo cartão postal. Perambulava, ora ali, ora em bairros populosos. Câmeras especiais filmaram o deslocamento do felino de hábitos noturnos, que atacou galinheiros e, finalmente na madrugada do dia 17 a onça macho de aproximadamente 3 anos e pesando 41 quilos entrou na armadilha que tinha como isca uma galinha que nada sofreu, a não ser o pavor pela presença do predador. A ave estava em compartimento separado e seguro. O fato noticiado diariamente, fez com que o colunista voltasse mais de meio século no tempo, por ter vivido vários anos em regiões inóspitas e de matas virgens nas costas do Rio Chopin e outros cursos d’água menores, onde o predador era conhecido pelos moradores como leão, provavelmente pela cor da pelagem que, por incluir no cardápio animais domésticos como ovelhas, bezerros, porcos etc., era caçado pelos caboclos bem armados e com matilhas de cães. Seguramente eram onças pardas que perseguidas pelos cachorros subiam em árvores onde viravam alvo fácil. Se caiam feridas o instinto de defesa as tornava verdadeiras feras que matavam cães e investiam no caçador que terminava a tarefa com o facão ou mais tiros. É bom salientar que caçar era hábito de todos os moradores daquelas bandas e não havia qualquer órgão fiscalizador oficial. Até aqui, sei que não conto nenhuma novidade, mas acreditem, todos comiam a carne da onça caçada (que diziam leão). Meu concunhado Valfrido Pacheco que trabalhava nas matas como madeireiro e que foi exímio caçador abateu vários destes felinos. Sua filha Elizabeth sempre comenta que tem saudade de comer carne de leão. Participando de campanha eleitoral nos anos setenta, percorri o extenso território de Laranjeiras do Sul, à época com mais de 3 mil quilômetros quadrados, e certa vez após levar um morador até o Rio Quati pernoitei na residência da família Raiski. Na parede de um paiol, estava estaqueada a pele de uma onça de cara rajada (sussuarana) de bom tamanho. Os rapazes da casa a haviam caçado alguns dias antes, pois estava atacando os porcos soltos nas matas. Fizeram questão de me presentear com o couro que trouxe com a intenção de curti-lo. Fiz um rolo e guardei sobre um armário e algum tempo depois quando fui apanhá-lo observei que havia sido praticamente destruído pelas traças. Diz a história antiga que no ano de 1916, Santos Dumont, vindo de Foz do Iguaçu a cavalo, se hospedou cinco dias na casa do capitão Antônio Joaquim de Camargo antes de prosseguir a viagem para Guarapuava e depois Curitiba. Passeando a cavalo pela redondeza da pequena vila teria avistado um animal, como um enorme gato, de pelos castanhos amarelados deitado sobre pedras à margem de um rio. Até hoje o local é conhecido como Rio do Leão. Trata-se do principal curso d’àgua onde se localizam os equipamentos da Sanepar que abastece a cidade.