Porque fazer psicoterapia?

Caros leitores neste início de ano, revisito vários prontuários de pacientes a fim de avaliar a evolução do tratamento sempre me surpreendo com os detalhes, ele realmente faz a diferença, observo nessas leituras que as dores da infância são revividas na fase adulta. Lembro da faculdade onde li uma frase de Zerka Moreno que dizia:” psicoterapia é o ato de cuidar da criança machucada que cada um carrega dentro de si”. Agora na clínica observo quanta verdade existia nessa frase.

Muitos pacientes chegam ao consultório após uma infância extremamente perturbada, se sentem sozinhos mesmo em famílias numerosas desenvolvem a autonomia a custas de defesas emocionais que causam prejuízos nos atuais relacionamentos, tiveram pais até que dedicados porem imaturos emocionalmente o que ocasionou lares instáveis e a carência afetiva. Estes pacientes buscam uma vida mais leve, amar, serem amados, buscam felicidade, sinto uma grande responsabilidade ao atendê-los, observo que o desenvolvimento emocional nem sempre acompanha o desenvolvimento fisiológico.

Alguns guardam dentro de si as crianças envergonhadas, assustadas, a todo custo querem fazer desaparecer as doloridas lembranças dos castigos não só físicos, mais também os emocionais que não compreendem porquê ocorriam. Outras querem entender porque foram abandonadas ou substituídas. Todas em comum necessitam de compreender que seus comportamentos na atualidade estão ainda sob o impacto do que foi vivido em sua infância.

Cada abordagem em psicoterapia envolve algum tipo de modelo de funcionamento dos seres humanos, nenhum modelo é completo e todos deixam algum fator sem considerar, porem as pessoas que buscam por ajuda psicoterapêutica conseguem compreender as distorções que as experiencias de violência e conflitos causaram em seus comportamentos e decisões.

Finalizo acrescentando que a psicoterapia nesses casos não se trata de rememorar os traumas ou perdoar / cuidar dos adultos envolvidos em sua vida infantil, mais de trazer significado aos comportamentos, evitar na atualidade repetições, tornar a vida mais leve. É olhar para os machucados da alma e cuidar como cuidávamos dos arranhões e esfolados resultantes das brincadeiras da infância. Limpa-los, e permitir que cicatrizem, mesmo que seja devagar, mais definitivamente.

Até a próxima semana.

@neziapsicologa

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