Reflexões de isolamento

Hoje serei breve, estou em isolamento, mesmo tomando todas as medidas recomendadas e que eu considerava importantes, acabei contraindo a Covid 19 ou uma de suas variantes. Estive como acompanhante hospitalar  na semana passada e acredito que desse momento ocorreu a contaminação. Enquanto escrevo percebo que estou no terceiro dia de isolamento e que apesar de sentir extremo cansaço e dores de cabeça estou bem, experimentando novas emoções diante dos velhos hábitos do cotidiano.

Hoje com muito menos energia, pela primeira vez escolhi com cautela aquilo que era vital investir minhas forças, tive uma dimensão de o quanto estou no piloto automático, percebi o tamanho do esforço que preciso fazer para tomar o banho, arrumar o cabelo, trocar a roupa. Isso me assustou. Neste tempo que estou passando comigo mesmo percebo o que é trivial, o que é fundamental, o que me faz falta começo a perceber os excessos que cometi em nome da produtividade e em quais áreas da minha vida eu preciso reavaliar as prioridades.

Confesso que estou sentindo muitas emoções misturadas e medo de algumas coisas, questões sobre: quais problemas quero dar conta agora? Como passar um tempo de qualidade com as crianças?  Estão fervilhando por aqui.  A “ficha” do isolamento caiu quando através da sacada a menos de 3 metros eu vi meu filho mais novo cair (ele tem dois anos e meio) e eu não pude correr e levantá-lo. Ele se levantou limpou as mãozinhas e seguiu, eu senti dor, mas entendi a mensagem.

Há quedas que nos fazem reavaliar os caminhos em que andamos, há dores que nos fazem crescer, e reavaliar as decisões que pareciam totalmente certas. Ainda é muito cedo para as conclusões, e talvez elas nem venham agora no fim o isolamento, mas algumas respostas já se desenham aqui na minha mente. Quem sabe poderei até compartilhar nas próximas edições. Uma coisa é certa. Preciso rever escolhas. O isolamento por conta da Covid é forçado, que as escolhas sobre nós possam ser livres.

Até semana que vem.

@neziapsicologa