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Causa da infidelidade: Ceder à tentação

Por José Simplício – escritor, autor de quatro livros, teólogo e pastor

Todo ser humano é tentado a práticas que podem macular sua vida. Somos tentados a subtrair o que não nos pertence, a trapacear, a mentir, a agredir, a desistir de sonhos e projetos, a usar drogas, a cometer atividades sexuais condenáveis. Cada ser humano tem pelo menos uma área da sua vida em que um destes impulsos são mais fortes. E, sem dúvida, uma área que atinge grande parte das pessoas está relacionada aos impulsos sexuais. 
A tentação é definida como “impulso para a prática de alguma coisa censurável ou não recomendável” (Houaiss. 2007). A tentação do adultério tem levado muitas pessoas a ruína. Talvez as maiores vítimas da tentação sejam os homens que tem um impulso sexual maior que as mulheres, no entanto, não são os únicos. Aliado ao maior impulso sexual, os homens tem outro fator que pode facilitar sua queda na tentação, eles não precisam necessariamente estar ligados emocionalmente a outra pessoa para se sentir sexualmente pronto, diferente da maioria das mulheres que geralmente precisam de ligação emocional. Um exemplo disso é que o homem pode passar o dia inteiro indiferente a sua esposa e ela reciprocamente, porém, se na hora de dormir ela tomar a iniciativa ele fica rapidamente pronto para o ato sexual. Diferente da maioria das mulheres que diante da indiferença ou desavença com o esposo, se a noite ele toma a iniciativa para o sexo ela geralmente sente-se ressentida por entender que ele apenas quer usá-la.
Desta forma os homens possuem duas desvantagens em relação a tentação, um impulso maior e a não necessidade de ligação emocional. 
Nelson tinha 12 anos de casado com a bela Raquel com quem tinha um ótimo relacionamento. Não tinham um histórico de problemas, porém, em certa ocasião, ele precisou fazer uma viagem para outra cidade, seriam 10 horas de viagem. Quando ele tomou o seu assento determinado no ônibus, ficou observando quem sentaria ao seu lado na longa viagem. De repente entrou um senhor barbudo, com seu índice de massa corporal muitíssimo além do ideal e parecia não estar em perfeita condição higiênica. Nelson fez toda sorte de preces e orações para que aquele não fosse seu vizinho de viagem. Fez promessas, orou de mãos juntas, citou versículos bíblicos. O senhor barbudo parou ao seu lado, olhou para o número da poltrona, olhou para o bilhete, sorriu para ele e falou, o meu assento é mais para os fundos.
 – Hufa! – suspirou Nelson, que em seguida visualizou uma jovem linda e atraente que entrara no corredor e suavemente tirou os óculos escuros e ajeitou o cabelo balançando-o e também balançando com o coração dele que começou a bater mais forte. E a medida que ela se aproximava Nelson ficava mais tenso fotografando em sua mente a beleza daquela moça, em seu íntimo ele torcia para que ela fosse sua companheira naquela viagem. Ela se aproxima e para ao lado da poltrona em que estava. Com um corpo atlético, busto farto e um lindo sorriso ela cumprimenta-o com um entusiasmado bom dia.
 – Vou viajar com o senhor – disse ela que aparentava ter uns 25 anos de idade.
Nelson tinha 40 anos, uma boa aparência, uma visível maturidade e bom de conversa.

  • Você pode viajar ao meu lado, mas tem uma condição, não me chame de senhor, me chamo Nelson e você? – perguntou sorrindo.
    Assim começou uma conversa que duraria 10 horas. Falaram sobre suas vidas, suas famílias, o que fazem, coisas do tipo. Ela falou que estava voltando para casa, tinha ido visitar alguns parentes. Morava na cidade para onde iam. No desenrolar da conversa falou da sua inclinação para homens maduros e que estava ultimamente carente. Disse a Nelson que morava sozinha em um apartamento no centro e lhe fez um convite:
     – Se você quiser, em vez de ficar em um hotel, pode ficar no meu apartamento nestes dois dias que vai ficar na Capital, tenho um quarto extra – disse delicadamente enquanto levava sua mão a perna de Nelson.
    O livro de Provérbios adverte:
    Os lábios da mulher imoral podem ser tão doces como o mel, e os seus beijos, tão suaves como o azeite; porém, quando tudo termina, o que resta é amargura e sofrimento (Pv 5.3,4 NTLH).
    Nelson não conseguiu vencer aquela tentação e foi fisgado pela própria cobiça. Ele disse “sim” prevendo o que aconteceria no apartamento e desta forma manchou o seu casamento com o adultério. Foi uma noite de prazer sexual que lhe trouxe muita complicação na vida familiar. Seu casamento foi mantido a muito custo, mas as consequências foram terríveis. Ele se arrependeu profundamente pelas consequências do ato.
    Um grande personagem bíblico e um exemplo de integridade para todos os homens foi o jovem José que foi governador do Egito. Vendido pelos irmãos como escravo, trabalhando em terras estranhas, no ápice do impulso sexual foi tentado pela esposa de seu patrão em investidas sucessivas, possivelmente uma mulher bonita e atraente. Porém José resistiu à tentação e fugiu da mulher, isso mesmo, ele resiste à tentação, mas foge da mulher. 
    A Bíblia diz que devemos resistir até mesmo Satanás, entretanto, adverte: “Foge, também, dos desejos da mocidade” (2 Tm 2.22).
    Resistir à tentação está relacionado a vencer os pensamentos impuros que todo ser humano tem.
    Embora pensamentos impróprios inevitavelmente surjam na mente de todos nós, não somos obrigados a entretê-los. Tais pensamentos não são pecados, mas deter-se neles é ensaiar para rebelião, e praticar tais pensamentos é pecado. É impossível impedir que sejamos tentados, mas podemos certamente recusar-nos a pecar. Nenhuma tentação se transforma em pecado sem a nossa permissão (ETHRIDGE, 2006, p. 93).
    Entretanto, não é bom o homem tentar resistir as paixões da mocidade, ou seja, os impulsos sexuais. Portanto, se alguma mulher te provoca, a recomendação é: “FOGE!”. Se Nelson ao ver aquela bela jovem resistisse aos pensamentos impuros e evitasse conversas impróprias ou a aproximação emocional, estaria evitando um grande dano a sua vida. Todo ser humano é tentado, mas é perfeitamente possível resistir o pecado.
    Não veio sobre vós tentação, senão humana; mas fiel é Deus, que vos não deixará tentar acima do que podeis; antes, com a tentação dará também o escape, para que a possais suportar. 1 Co 10.13
    Afirmei que os homens possuem pelo menos duas desvantagens em relação as mulheres no que tange a tentação aos pecados sexuais: um impulso maior e a não necessidade de ligação emocional. Contudo, as mulheres não são todas iguais, algumas possuem forte impulso sexual e como a maioria dos homens não precisam necessariamente de ligação emocional, aliás, a mídia busca criar esta cultura inclusive no mundo feminino, ou seja, a não necessidade de ligação emocional e o sexo sem compromisso. Já outras mulheres podem ser tentadas por investidas sucessivas nos ambientes que convive. Toda mulher tem necessidade de ser apreciada e alguns homens sabendo disso costumam fazer elogios que mexem com o íntimo delas e dependendo do tipo de relação matrimonial que esteja vivendo ou dependendo de sua personalidade isto pode ser uma tentação na qual venham ceder ao pecado.
    A tentação leva muitas pessoas à infidelidade, entretanto, jamais a justificará.
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