A GRANDE ILUSÃO

Vocês já perceberam como as pessoas têm buscado incessantemente, por algo a mais? É comum você encontrar com alguém que logo diz estou numa correria, ou estou sem tempo, para isso ou para aquilo. Porém, se notarmos, as pessoas ao invés de estarem mais tranquilas e estáveis com suas conquistas, parecem mais estressadas, ansiosas e algumas frustradas, nessa corrida desenfreada.

Refletindo nisso, lembrei-me de uma velha história, que com a ajuda da internet recuperei, e vou resumi-la aqui, a história cujo título é A grande Ilusão, dizia o seguinte:

Era uma vez um rei que presenteou sua filha, a princesa, com um belo colar de diamantes. O colar, um dia, foi roubado e as pessoas do reino o procuraram por toda parte, mas não conseguiram encontrá-lo. O rei ofereceu uma recompensa para quem o encontrasse, mas ninguém conseguiu, até cogitaram a possibilidade de que um pássaro, poderia ter roubado, mas o tempo foi passando e nada do colar ser encontrado. Porém, um dia um jovem caminhava pela estrada a margem de um poluído e fedorento rio, e quando olhou para dentro dele, viu em meio aqueles dejetos e a negritude da água, algo que brilhava e lembrou-se que poderia ser o colar da princesa, e pensando na recompensa se esticou o máximo que pode, mergulhando todo o braço afim de alcançar o colar, mas por algum motivo não conseguiu, sentou-se a margem um tanto decepcionado, mas ao olhar novamente para dentro do rio, lá estava o brilho novamente, dessa vez resolveu entrar, tirou os sapatos e sentiu aquela água nojenta encobrir-lhe os pés e logo as pernas, se aproximou o máximo que conseguiu e se esticou para pegar o colar, mas, mais uma vez foi em vão, não encontrou nada, dessa vez saiu do rio, frustrado e voltou a caminhar pela estrada, pensando no que estava deixando de fazer com aquela recompensa, e ao olhar novamente para o rio, lá estava o brilho, motivado pelos pensamentos dos sonhos a serem realizados com o dinheiro, resolveu voltar e mergulhar, ainda que isso fosse absurdamente nojento e repugnante, ele mergulhou, e vasculhou a água a procura do colar, mas de alguma forma ele não conseguiu encontra-lo, saiu agora frustrado e irritado, com sua busca sem sucesso. Um monge que observava ao longe, todo esse empenho do rapaz, se aproximou e perguntou-lhe o que estava procurando, o rapaz por sua vez, não queria conversa, e também pensou que de repente, seria mais um de olho na recompensa, mas devido a insistência do monge, o rapaz resolveu contar-lhe o que se passava e então o velho e sábio monge lhe disse, para olhar para cima, para os galhos das árvores e lá estava o colar pendurado e o rapaz se deu conta de que buscava um simples reflexo.

Muitas pessoas estão mergulhando em verdadeiros lamaçais a procura de um brilho a mais, qualquer coisa que acrescente à sua vida material, à sua posição social, ou até mesmo à sua aparência, e não percebem que o verdadeiro valor não está ali. Tudo nessa vida, como já disse o sábio rei Salomão tudo é vaidade, ou o velho ditado: nem tudo que reluz é ouro. Ambos se resumem a ilusão, a transitoriedade das coisas dessa vida. Pessoas que estão priorizando o ter, ao invés de darem a devida importância ao ser. Estão buscando por reflexos ao invés da concretude, da autenticidade.

Pessoas têm apreciado a sua vida agitada, a sua corrida por ter, ao invés da calmaria de uma caminhada reflexiva, me faço constantemente a seguinte pergunta: De que vale ter, se não houver com quem compartilhar? Precisamos das pessoas, temos que amar gente, tudo que tem valor, só tem, se estiver diretamente ligado ao ser humano, por que tudo que é matéria, possui um brilho ilusório, por mais valioso que seja, não podemos eternizar. Já as pessoas eternizamos em nossa mente, em nosso coração, nas lembranças deixadas, ainda que as pessoas não sejam eternas, as boas marcas deixadas certamente as são.

Muitas vezes, aquilo que mergulhamos a procura nessa vida, é um simples reflexo do que Deus tem reservado para nós, devemos olhar para o alto, para Ele, e buscar valorizar mais o caminhar junto, ainda que mais lentamente, do que a correria da vida, e a vitória solitária.

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