RELACIONAMENTOS – ENOBRECEM A VIDA

Esse momento das eleições brasileiras está sendo um tempo em que quase tudo que se fala remete a um ou a outro candidato, e a partir disso, você passa a ser classificado de direita ou esquerda, de ‘cego’, ou intolerante, de louco ou ainda de possuir um intelecto duvidoso, como estão fazendo agora com o povo nordestino. Concordo que estamos vivendo a eleição mais delicada do país, mas o questionamento é: Será que é preciso tantos ataques físicos e verbais?

A discordância no mundo das ideias é valida e precisa ser consentida, pois só assim, movida por respeito é que a discussão se torna válida, sadia e acrescenta aprendizado. Do contrário é uma anomalia do comportamento humano, que o leva da categoria de racional para irracional, e então as consequências são essas que todos temos atônitos assistido.

Temos presenciado, amigos se afastarem, familiares se evitarem, colegas de trabalho se interpelarem, ou pessoas que nem se conhecem, mas que numa fila, numa praça, no mercado ou na padaria, se envolvem em bate papos acalorados pela discussão política. As pessoas estão muito interessadas em expor suas ideias e convicções, mas pouco (bem pouco), interessadas em ouvir e entender a opinião do outro. E, portanto, se ofendem, se magoam e lamentavelmente se agridem fisicamente. Mas a reflexão é: E depois da eleição, como ficam os relacionamentos feridos pelas rusgas da política?

Isso me faz recordar a minha professora da segunda série (antigo primário), um aluno ofendeu o colega e quando a professora o repreendeu, ele também a ofendeu, (nada comparado com as ofensas de hoje), foi um ‘simples’, me deixe em paz a senhora também, mas quando ela ouviu isso, perguntou: O que disse? Repete! e o pegou pelo braço, ele prontamente se levantou achando que seria levado para a sala da direção, só que após repetir como a professora havia ordenado, ela o fez sentar novamente, e todos nós olhávamos, atônitos e estarrecidos com o que seriam os próximos acontecimentos. Então ela virou a página do caderno dele e ordenou: nessa folha você escreverá cinquenta vezes a palavra ‘desculpa’, que são para o seu colega e nessa outra, mais cinquenta vezes que são para mim, e finalizou dizendo: comece agora, e não terá recreio. As horas foram passando e o colega escrevendo cem vezes ‘desculpas’, já próximo da hora de irmos para casa, ele finalmente terminou e então a professora disse: agora quero que apague e deixe as folhas branquinhas novamente. E ele começou a apagar, depois de um tempinho, levantou a mão para falar, a professora permitiu, e o colega, choroso disse: uma folha ficou muito amassada e a outra acabou rasgando, o que eu faço agora? Então ela disse com a voz carinhosa que já conhecíamos bem, é isso que quero que você e todos vocês entendam, depois que você magoa ou ofende uma pessoa, e machuca o seu coração, nem sempre é o simples fato de pedir desculpas que vai voltar a deixar o coração sem marcas, é necessário pedir desculpas, mas pense antes no mal que está fazendo no coração da outra pessoa. Nunca me esqueci disso e já se passaram 38 anos, mas são grandes lições, ensinadas de maneira simples, por esses inesquecíveis mestres, que marcam a vida da gente.

Portanto o meu convite é que reflitamos antes de falar, pois a eleição vai passar, o campeonato de futebol vai passar, mas as marcas causadas por suas palavras, talvez não sejam apagadas com um pedido de desculpas. E o que de fato enobrece nossa vida são os relacionamentos que permanecem.

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