Espalhemos a esperança
Nesses tantos meses de pandemia, como podemos manter acesa a chama da esperança? Que mais poderemos visualizar para vencermos as
Nesses tantos meses de pandemia, como podemos manter acesa a chama da esperança?
Que mais poderemos visualizar para vencermos as nossas agruras, nestes dias nublados de incertezas?
A que nos agarrarmos para não sucumbir aos vendavais que atormentam a Humanidade?
O que dizer aos nossos jovens e às crianças quanto ao futuro que os aguarda?
O que aconselhar aos pais desmotivados da vida por não terem um porto seguro para seus filhos?
O que falar para descansar o coração aflito da mãe, que vê esgotada a minguada reserva de alimento ao pequeno que lhe diz ter fome?
O que dizer para o andarilho que ficou sem trabalho e sem lar?
Como consolar o idoso que, no auge da incapacidade física, fica sem seus amores para o socorrer?
Nestes momentos de nuvens densas que pairam sobre o planeta, que se contorce em face às provas que o envolvem; nestes dias, onde muitos dos nossos amores agonizam frente à dureza dos desafios que enfrentam; nestas noites preocupantes ante a disseminação de atentados à vida; nestas horas de convulsões causadas pelo medo, incerteza, insegurança, fobias variadas, que atacam os corações mais frágeis; nestas horas, aparentemente finais, com tantos pensamentos de incapacidade de continuar vivendo, o que nos resta fazer?
* * *
Façamos uma pausa e tenhamos em mente que quando tudo parece a ponto de perder-se, quando tudo está envolto nos negros véus da desilusão, sempre haverá um ponto de apoio.
Essa âncora divina se chama esperança.
A esperança dá força aos ideais e coragem às criaturas, que se renovam, mesmo quando tudo parece a ponto de se perder.
É ela que sustenta o herói na hora amarga de sua luta, dando-lhe a força para prosseguir até o fim.
É ela que mantém o santo nos propósitos superiores que abraça, permitindo que realize feitos que o imortalizam.
Por isso, vistamo-nos com o manto da esperança e prossigamos.
Preservando a esperança em nós, nunca desfaleceremos, nem nos sentiremos abandonados, quando as circunstâncias nos convidarem ao testemunho e à solidão.
Quando o barco estiver a ponto de afundar, em meio às ondas imensas, surgirá o socorro que nos haverá de resgatar.
Quando a tempestade parecer levar todos os nossos sonhos, sacudindo-nos de forma violenta, cedamos, dobrando-nos, como faz o bambu, em circunstâncias semelhantes.
E aproveitemos para, nessa posição, orarmos a Quem tudo domina: os ventos, a tempestade, a vida.
Lembremos que somos o fruto do amor de Deus e, mesmo que tudo pareça estar contra nós, não estamos sós.
O ditado popular diz que Deus tingiu de verde a relva para que não faltasse esperança, nem aos caídos ao chão.
Descansemos, enquanto tombados pela dor, pelas lutas. Depois, ergamo-nos e reiniciemos o combate.
Enquanto o ar encher nossos pulmões, enquanto bater o nosso coração, há esperança.
Esperança de que raie o sol ou que chegue a chuva. Que o trigo amadureça, que os frutos se ofereçam abundantes, que a vida prossiga.
Espalhemos esperança.