De um modo geral, a expressão servo de Deus nos remete a religiosos, encerrados em templos, envoltos em orações e atos de caridade.
No entanto, a grandeza do Pai não é limitada. Consequentemente, nem o campo que oferece aos Seus filhos para a semeadura do bem.
Por isso, Seus servidores se multiplicam pela Terra e se apresentam em inúmeras e extraordinárias facetas.
Samuel Broder é um exemplo. Chegara na América com um punhado de poloneses sobreviventes do holocausto hitleriano. Crescera nas ruas de um subúrbio de Detroit.
Logo descobrira que as carreiras científicas eram aquelas em que se podia vencer na vida sem dinheiro e sem status social.
Conseguindo as melhores notas em ciências, ganhou uma bolsa para a Universidade de Michigan.
Conforme suas próprias palavras, ele adentrou em um outro planeta.
Para um rapaz saído de um gueto operário, cujo sonho mais grandioso deveria ser um emprego de metalúrgico na Ford ou na Chrysler, surpreendeu-se ao dividir o quarto com um colega que estudava noite e dia para se tornar compositor.
Em poucos meses, a imaginação daquele jovem imigrante sedento de saber, se inflamaria e ele definiria sua verdadeira vocação: a ciência.
Inspirado pela Oração do homem de ciência, idealizada por um grande escritor americano, gravara em seu coração e em sua memória cada palavra:
Ó Deus, dai-me uma visão sem nuvens e livrai-me da pressa.
Dai-me a coragem de opor-me a toda vaidade e de perseguir, como puder e até o fim, cada uma de minhas tarefas.
Dai-me a vontade de não aceitar nunca o repouso ou a homenagem antes de ter podido verificar se meus resultados correspondem a meus cálculos.
Ou de poder descobrir e consertar meus erros.
Com essa disposição, ao adentrar o laboratório que lhe abriu um dos seus professores, teve a inspiração para a sua vida profissional: o câncer.
Dias e noites inteiros ele se fechava no laboratório para aprender a fabricar anticorpos destinados a combater as células cancerosas.
Nem sempre eram produtivos seus esforços. Reconhecia, contudo, que mesmo seus fracassos não eram inúteis.
A diferença, dizia, entre um grande sábio e um pesquisador medíocre está no fato de que um sabe fazer as perguntas certas, o outro não.
Um é capaz de se servir das tecnologias de ponta, o outro, não.
Dessa forma, ele se colocara na vanguarda da luta contra o câncer.
Com a irrupção da AIDS, ele tomou uma grande decisão: enfrentar o vírus suspeito de ser seu causador, pesquisando um medicamento capaz de bloquear a sua ação.
Era uma iniciativa perigosa porque ninguém podia avaliar os riscos que poderia causar a manipulação, em laboratório, de concentrados importantes de vírus vivos.
Dos seus cinco colaboradores, dois, de imediato, deixaram o laboratório.
Na época, primavera verão de 1983, a equipe de Samuel Broder foi a única que aceitou trabalhar na pesquisa, apesar dos riscos.
Para o Dr. Samuel, com seus quarenta anos, pai de duas meninas, havia ainda o risco de levar esse vírus para casa e as contaminar.
Mas, ele aceitou todos os riscos em nome do amor.
Samuel Broder, como outros tantos pesquisadores devotados, é um servidor de Deus, materializando Sua misericórdia entre os seus irmãos, na Terra.
Aprendamos a reconhecê-los e agradeçamos a Deus pelas suas existências.