Responsivo

República Federativa Plutocleptocrata do Brasil

Há alguns dias um professor veio contar-me as novidades acerca da triste e vexaminosa realidade política nacional. Chamou-me a atenção o fato de ele afirmar que o fazia porque eu quase não gostava de política dando a entender haver certo exagero de minha parte no interesse que tenho por esta. Vivemos um momento em que não conseguimos olhar para nossos países vizinhos da América Latina sem um olhar acabrunhado, que dirá para as grandes nações democráticas do Norte. O gigante da América Latina se tornou um anão. É bom que se diga que nunca tivemos uma democracia consolidada em nosso país. A desigualdade social, uma das maiores do planeta somada a uma elite arcaica, ignorante e violenta não permitem que a democracia floresça nesta terra. Contribui para a falta de democracia em solo pátrio a extrema concentração da mídia nas mãos de apenas seis famílias. Estas seis famílias, por meio de seus comandados, selecionam, editam, manipulam e ocultam as notícias de acordo com os interesses do grupo empresarial ou da classe dominante que representam e fazem do povo, uma multidão de teleguiados. Não há em nenhum país do mundo, um grupo de mídia de massa com o poder da Rede Globo. E isso ocorre porque é indecente e ultrajante demais para qualquer país que se pretenda democrático. O Brasil, um país de mais de duzentos milhões de habitantes, constitui uma população gigantesca de subcidadãos, pessoas que não exercem sua cidadania plena porque não são suficientemente conscientizados e politizados para tal, e isto ocorre provavelmente pelo baixo nível instrucional formal, e pelas carências programadas da educação pública, que não consegue desenvolver no educando, o espírito crítico e cidadão tão necessário a que deixemos de ser uma republiqueta de bananas.

Não somos um país com tradição democrata. Em nossa história, apenas três presidentes no regime democrático conseguiram levar a cabo seus mandatos: JK, FHC e Lula. Temos uma grande desigualdade social, e o número de desempregados e subempregados não para de crescer. Além de pobre, nossa população tem um grande número de analfabetos funcionais que apesar de portarem diplomas de graduação são incapazes de fazer uma interpretação crítica e contextualizada de artigos mais densos. Pretender então que essas pessoas consigam fazer uma leitura crítica da realidade em seus âmbitos local, estadual, nacional ou mundial e nele saibam compreender o papel que desempenham e o que deveriam representar é esperar demais. Tanto é assim, que nesse país rico, cuja maior parcela do povo é pobre, o trabalhador defende encarniçadamente o patrão que lhe explora, e vota nos candidatos da direita que uma vez instalados no poder, defendem os interesses da plutocracia, da qual fazem parte. E o resultado está na composição do parlamento federal em que 90% dos integrantes são latifundiários, empresários, banqueiros, etc. São oriundos da Casa Grande e dela são verdadeiros representantes, e, portanto jamais defenderão os interesses antagônicos da Senzala, da qual 90% da população brasileira faz parte, embora muitos disso ignorem, voluntariamente ou não.

A baixa escolaridade e o analfabetismo funcional, salvo raras e valiosas exceções, geram o analfabetismo político, e este cobra um alto preço da sociedade. Isso se observa quando constatamos que um país gigantesco, com uma população igualmente gigantesca é refém desde sempre de oligarquias antipatrióticas que confundem, também desde sempre, o interesse público com o interesse privado agindo geralmente em benefício do último. No poder, instalada por boa parcela da classe trabalhadora e da pequena burguesia, a plutocracia cleptocrata age retirando direitos da população (reforma da Previdência, Reforma Trabalhista, etc.) para beneficiar 1% das famílias brasileiras que formam a verdadeira elite nacional, da qual a classe média (pequena burguesia) sonha utopicamente fazer parte e, portanto a defende, e cujo maior pesadelo é tornar-se parte da classe baixa. Unidos, pequena burguesia e classe trabalhadora poderiam virar o jogo, elegendo políticos comprometidos com os setores populares do qual a classe média é também parte, embora prefira ignorar essa realidade. Enquanto o analfabetismo político impera, as oligarquias se perpetuam e a Casa Grande irriga seus interesses privados com recursos públicos. O povo e o país empobrecem a custa de uma elite que parasita o país, e suga a real possibilidade de sermos uma grande nação, e não apenas uma nação grande. Voltando ao início do artigo: Se soa estranho gostar de política na realidade que vivemos em nosso país, esse interesse pela política nunca foi tão necessário. O marinheiro gosta do mar, apesar de suas tempestades e é nelas que precisa mostrar o seu valor. Nesses tempos de exceção e de triunfo da elite parasitária, ousemos lutar. Ousemos construir a democracia. Ousemos construir a nação que sonhamos!

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