Privatizar ou modernizar?

Por muito tempo se falou e se pediu a privatização dos Correios, sempre com um não por parte do Governo. Agora que essa é uma possibilidade real, é preciso pensar de verdade em quais as consequências disso.

Em uma primeira análise, é fácil pensar que a privatização será uma coisa ótima. Depois de tantas encomendas perdidas, roubadas ou esquecidas por meses nos depósitos dos Correios, uma boa dose de empresa séria seria mais do que bem vinda. Pessoas que podem perder seus cargos, serem demitidas e que serão cobradas por desempenho vão deixar tudo mais eficiente.

Além disso, podemos esperar modernização de processos, logística, maquinário e até treinamento especializado de pessoal. Quem já recebeu entregas de empresas concorrentes como DHL, Fedex, USPS e outros transportadores, percebe que há um pouco mais de profissionalismo e capricho em tudo o que é feito.

A ECT (Empresa de Correios e Telégrafos) tem o monopólio de cartas no Brasil desde 1978, mas apenas das cartas. Dessa forma, a União é responsável pelo recebimento, transporte, entrega e expedição de cartas. Encomendas diferentes de cartas têm aval de entrega livre no Brasil, basta apenas não conflitar com as cartas como um todo.

Por isso, DHL, Fedex, Transfolha e outras podem, sim, atuar por todo o Brasil. Porém, elas não fazem isso, e muitas se limitam a entregas em grandes capitais.

Empresas grandes, particulares, sabem como é complicado o transporte de carga nesse país. Muitas que fazem isso gastam um bom dinheiro com seguros, escoltas e manutenção de caminhões e vans devido aos buracos em rodovias.

Qual empresa em sã consciência gostaria de tomar o lugar dos Correios? Por Lei, os Correios são obrigados a atender todos os CEPs do país. E não apenas direto na porta, mas também com agências minimamente próximas. Qual empresa gostaria de ter uma agência em, por exemplo, Manacapuru, cidade do Amazonas com menos de 100 mil habitantes?

Mas a decisão da privatização, embora seja interessante, não é tão simples e tão fácil de ser tomada.

Então, quando falamos de entregas, das nossas encomendas de importação que ficam meses perdidas no fluxo postal, realmente seria bom contar com um serviço decente. A máquina dos Correios está inchada, precisa de renovação e de processos mais enxutos, gastando menos e servindo mais, tirando quem só suga recursos.

 

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