Monges e crenças II

 

O monge João Maria de Jesus era conservador, pregava o veto da monarquia, criticando a separação da Igreja, do Estado. Afirmava que essa separação corromperia os costumes e que chegaria um dia em que não seria mais possível distinguir o homem da mulher. Homens usando cabelos compridos, roupas coloridas, joias e atitudes femininas. Mulheres com cabelos cortados, usando calças compridas e agindo como homens. Sobre a região Centro-Sul do Paraná disse que, se não fossem adotadas modernas técnicas na pecuária, na agricultura, encontrados outros meios de produção, a região viraria “Porungal”. Nos campos muito pastos e pouco rastro. A criação acabará e a terra perderá sua força, fornecendo pouco alimento. Em cima da terra nada brotará. Só se colherão alimentos produzidos embaixo da terra.

Em torno de sua pessoa surgiram muitos contos, que permaneceram no imaginário popular, a maioria frutos da fantasia. Contaram como as tropas federalistas foram cruéis. Após aprisionarem seguidores do profeta e estes implorarem perdão, foram obrigados a  cavar sua própria cova, para depois serem degolados pelo chefe federalista. Hoje existe a capela do Degolado e é um local de visitas públicas e a crença nos seus milagres ainda existe e sobrevive, pois muitas fotografias, fitas, velas e outros objetos são ali depositados.

O terceiro monge chamava-se Miguel Lucena. Era um soldado desertor da Polícia do Paraná que se fazia passar por irmão de João Maria, com o nome de José Maria de Santo Agostinho. Aproveitou-se da “tensão político-social existente no Território Contestado” ou melhor, as terras do Paraná reclamadas por Santa Catarina, para formar os seus “Quadro de Santo”, isto é, de resistência.

Foram necessárias 13 expedições do exército e a ação da Polícia do Paraná para desbaratá-los, morrendo muitos soldados, oficiais, o Comandante da Polícia do Paraná, João Gualberto Gomes de Sá e fanáticos seguidores do monge. Hoje ainda procura-se elucidar como foi a aventura daquela gente simples, homens e mulheres que, com determinação, enfrentaram o desconhecido para desbravar o sertão e abrir caminhos. Desafiaram a adversidade do meio com índios enfurecidos, feras bravias, longas distâncias, para inserir Guarapuava, Prudentópolis, Pinhão, Candói (nome indígena), Pitanga, Laranjeiras do Sul, Palmas, Clevelândia, Mangueirinha, Xanxerê, Chopinzinho, Chapecó e outras localizadades no contexto histórico-geográfico da Nação brasileira.

 

Os alemães na região

Desde 1852, Frederico Guilherme Virmond, descendente de alemães, já se encontrava na região de Guarapuava. No início do século e início desta, outros alemães ou seus descendentes foram chegando. Amantes dos esportes, bailes, música, canto, teatro, influenciaram na vida social. Introduziram o uso da Árvore de Natal, os festejos natalinos até o Dia de Reis e os “piqueniques nas chácaras dos arredores, com banda de música, foguetes e cerveja”. Com eles aprendeu-se a comer chucrute (repolho azedo), salame, salsicha, cuca recheada e muito mais.

Em 1951, quinhentas famílias de refugiados de guerra, pertencentes ao grupo Sábios do Danúbio, vieram para Entre-Rios e aqui desenvolveram um sistema cooperativo agrário-industrial, com produção de grãos, baseada na lavoura mecanizada e armazenagem das colheiras.

Atualmente possuem a maior maltaria da América do Sul, desenvolvem uma técnica avançada em agropecuária, preservando sua identidade cultura, a língua alemã, da dança, da música e de sua culinária típica.

 

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