O livro “O grande Gatsby” (publicado em 1925) de Francis Scott Fitzgerald é obra de referência nas escolas e universidades estadunidenses. O narrador da trama é Nick Carraway, de origem humilde, mas, que vai morar de aluguel numa casa simples ao lado de mansões espetaculares de um bairro nobre. Nick trabalha na Bolsa de Valores de Nova Iorque. Seu vizinho, Jay Gatsby mora num palacete famoso em toda a Nova Iorque pelas festas dantescas que realiza com a presença de personalidades do mundo artístico, político e da high society. As outras personagens são Tom Buchanan (um esportista famoso) oriundo de uma das famílias mais abastadas dos Estados Unidos e sua bela esposa Daisy, nascida no seio da abastada família Fay. Gatsby se aproxima de Nick (primo de Daisy), para buscar aproximação com seu antigo amor, pelo qual foi preterido por ser pobre e, cinco anos depois, milionário, deseja reconquistar. Gatsby tem tudo o que o dinheiro pode comprar e acredita que seu dinheiro pode trazer de volta a mulher que um dia perdeu pela falta dele. O autor não deixa claro e o leitor se questiona durante a leitura sobre como o jovem Gatsby enriqueceu em tão pouco tempo, sendo levado a pensar que o fez de forma ilícita na sociedade dos anos 1920, do milagre econômico americano, da lei seca, do jazz e da onda liberalizante com as mulheres vestindo roupas consideradas até então ousadas. È um engano pensar que a obra é um mero romance romântico, afinal, Fitzgerald faz uma crítica velada ao sonho americano e do “self made man”, de que os Estados Unidos é a terra das oportunidades que permite a qualquer um galgar posições na sociedade a exemplo do alpinista social Jay Gatsby. Neste mesmo sentido, mostra o vazio existencial de “pessoas ricas que adoram se encontrar com outras pessoas ricas para serem ricas juntas” e, que tal como dito na obra (ao se referir à futilidade de Daisy) “têm a fala cheia de dinheiro” e de outro lado a dura realidade dos pobres. Há também a afirmação implícita de que se pode ganhar dinheiro, mas, jamais a consideração pelo “berço” que não teve.
Gatsby é um personagem controverso, o leitor nutre por ele um misto de simpatia e aversão, afinal, Gatsby quer reconquistar seu antigo amor ou o único troféu que seu dinheiro ainda não lhe concedeu? Nick também é assim, pois, fica o tempo todo repetindo ser honesto e afirmando não julgar as pessoas, mas, faz isso o tempo todo. A trama conta ainda com a esportista Jordan Baker que juntamente com Nick, Gatzby, Daisy e Tom fazem parte da trama central que envolve ainda o mecânico George Wilson e sua esposa Mirtle. O palacete de Gatsby, adquirido por ele por ficar de frente à casa de Daisy (separado apenas pelas águas da baía) tem sua posição marcada por um farol de luz verde nas noites mais escuras. A região retratada na obra é a de Long Island e Manhattan, sendo que a estrada que liga essa duas regiões passa por uma área degradada no quesito ambiental e social.
Fitzgerald é um grande frasista, na obra há frases tais como a da fala de Daisy quando do nascimento de sua filha: “estou feliz por ser uma menina. E espero que ela seja uma tonta. É a melhor coisa que uma menina pode ser neste mundo. Uma tontinha linda”. Essa frase e a personagem se popularizaram nos Estados Unidos e “Daisy Buchanan” passou a designar em sentido figurativo uma mulher bela, rica e pouco inteligente. Outra frase que consta no livro e que foi gravada no túmulo do autor é a seguinte: “E assim avançamos, barcos contra a corrente, incessantemente empurrados de volta ao passado”. A obra “O grande Gatsby” foi adaptado para o cinema em 1949, 1974 e 2013, esta última regravação está disponível na Netflix (o filme é bastante fiel à obra). Fitzgerald reiterou que muito do que escreveu na obra diz respeito a ele próprio (como a personagem Nick). Sobre seu ofício disse: “o escritor deve escrever para os jovens da sua geração, os críticos da próxima e os professores de todo o futuro”. Ao ler a obra, tive a impressão de que em alguns momentos o escritor perdeu a mão, porém, em seguida se refaz. Trata-se de uma belíssima obra, não à toa, faz parte da lista dos livros mais importantes do século XX.
Sugestão de boa leitura:
Título: O grande Gatsby.
Autor: F. Scott Fitzgerald.
Editora: Landmark, 2013, 224 p.
Preço: R$ 28,04.