Mandamentos para minimizar a tensão e preservar a paz quando pais e filhos adultos estão sob o mesmo teto:
1º As tarefas devem ser compartilhadas.
2º Todos devem contribuir com as despesas.
3º Ficar o tempo todo recluso no quarto mesmo durante a pandemia, é falta de educação.
4º Aos pais: eles precisam também lembrar que os filhos cresceram e são independentes.
5º Aos filhos: lembrar que a palavra final é do dono da casa.
O perigo desses arranjos alertam os estudiosos, é de os filhos só extraírem o que há de bom na experiência – colo, mimo, poupança – e se esquecerem de arregaçar as mangas para lavar uma louça ou abrir uma carteira para pegar, ou pelo menos ajudar nas contas. Não dá para ignorar o fato de que o filho agora é um adulto com responsabilidades e que ele deve sempre contribuir como puder na vida em comum. Mas até o mais óbvio requer aprendizado: respeitar o espaço de outro não é nada fácil. Muitos jovens, porém, impulsionados pela pandemia aterrizaram na casa dos pais o que lhe abriu uma grande janela para intenso convívio com os pais.
Os jovens da América Latina são mais propensos a prolongar a vida na casa dos pais do que os da Europa e dos Estados Unidos, que costumam estudar em cidades distantes e começam a trabalhar mais cedo. Daí se inicia o pé de meia que os alçará para fora do ninho. O fator demográfico também pesa entre essa turma que não rompe o cordão: os brasileiros estão casando cada vez mais tarde – a média desde a década de 1970 subiu de 25 para 30 anos – e as uniões são grandes motivadoras do grito de independência.
Como no Brasil viver sozinho ainda é visto como um estado estranho, às vezes até condenável, a imobilidade cresce, ancorada em uma cultura de supervalorização da casa da paterna, uma instituição segura, em contraponto à rua, que já foi colônia, império, república, ditadura militar e agora é democracia. Para completar, há um componente desta era que faz os jovens ficarem onde estão, “Pesquisas mostram que eles têm cada vez mais dificuldades de amadurecer e medo da vida adulta”, lembra o filósofo, Luiz Felipe Pondé”. E assim caminha firme e forte (e dentro da casa) uma geração canguru.