O fato concludente, imediato, que ressalta das manifestações espíritas, é a imortalidade da alma. Em decorrência dessa realidade a natureza espiritual do homem sobrepõe-se triunfante, corroborando a gênese transcendente da vida.
O princípio inteligente que anima a matéria, independente da máquina celular, engrandece-se, à medida que assume corpos novos e deles se despe, num continuum que o leva à perfeição.
O homem, em si mesmo, torna-se, ante a evidência da vida após o túmulo, mais do quem um complexo químico de açúcares, sais e albuminas, modelado pela pressão atmosférica e resultante das aglutinações do carbono, do nitrogênio, do oxigênio, do hidrogênio sob as contingências violentas da natureza, nos seus princípios.
A vida não se organiza ao caos.
Houve um finalismo criador, um direcionamento das formidandas experiências biológicas, realizadas, porém, do mundo psíquico, espiritual, preexistente, na direção das formas físicas, materiais, em contínua movimentação e aprimoramento, nascendo e morrendo, portanto, transitórias, em obediência à programação inicial. O Espírito utiliza-se, por enquanto, do mundo corporal, para aprender a aperfeiçoar-se no trato com as demais criaturas, obedecendo a uma programática superior que o antecedeu e na qual se encontra colocado, por imposição mesmo da sua origem espiritual…
Deus, Espírito e matéria são, portanto, os elementos base constitutivos do Universo.
Eliminado o nada, descartado o acaso na gênese da vida, uma filosofia ética se estabelece com contornos definidos a benefício do homem-espiritual como do homem corporal, facultando ao último o desabrochar das potencialidades que lhe jazem inatas e aguardam as condições propícias para exteriorizar-se…
A ética, que é a ciência da moral, passa a comandar a vida humana, por propiciar-lhe as diretrizes para a aquisição da felicidade, que é a meta dos renascimentos espirituais. Sob esse comando, a visão se amplia, por entender a importância das realizações morais, nos múltiplos segmentos de que se constitui a vida: no corpo e fora dele.
A vida atual, pela sua brevidade, impõe compromissos e comportamentos para a eterna, oceano onde nasce o rio da existência e para onde torna a caudal das experiências.
O corpo, terminada a tarefa, retorna à decomposição material quando o Espírito volve ao mundo de sua origem. A morte física, portanto, apenas liberta a vida que se enclausurou, a fim de que, enriquecida, retorne à plenitude, caso não se haja deixado macular no trânsito da escolaridade humana…
As honras do poder econômico, artístico e político que não fizeram a ventura do povo e são mais comuns no mundo convertem-se em desgraça para aqueles que as possuíam e as desperdiçaram.
Desgraças que maceram a alma, despindo-a da jaça da imperfeição, lapidando-a para refletir a paz e que tudo supera, transformam-se em glória.
A filosofia ética de sobrevivência impõe-se, portanto, na educação moral, ao homem, que lhe permite a valorização da Inteligência, da cultura, da solidariedade e do bem, que deve incorporar ao seu modus vivendi pensando na vida em termos de imortalidade, por fim educando-se no amor com renúncia e devotamento, dirigido a Deus e todos os homens tornados seus irmãos, já que o amor é a mais sublime expressão do Criador, lei superior da Natureza que rege a vida e conduz-lhe ao seu finalismo.
Livro: ROTEIRO DE LIBERTAÇÃO. Diversos Espíritos. Victor Hugo (Espírito), psicografia de Divaldo Pereira Franco. Capemi Editora e Gráfica Ltda. Rio de Janeiro – RJ. 1981.
Manoel Ataídes Pinheiro de Souza. CEAC Guaraniaçu – PR. manoelataides@gmail.com