O colunista leu ou ouviu esta história que com certeza foi inventada como forma de crítica diante da insegurança que hoje prolifera por aí, seja nos núcleos urbanos ou no meio rural. Lembro apenas que a história fala de certo homem que tem o sono muito leve e certa noite notou que havia alguém andando sorrateiramente ao redor da casa. Levantou em silêncio e ficou acompanhando os ruídos que vinham de fora, até ver uma silhueta passando pela janela do banheiro. Como a casa era segura, com grades nas janelas e trancas internas nas portas, não ficou muito preocupado, mas era claro que não ia deixar um ladrão ali, espiando tranquilamente. Ligou baixinho para a polícia, informando a situação e o endereço. Perguntaram se o ladrão estava armado ou se já estava no interior da casa. Esclareceu que não e disseram que não havia nenhuma viatura por perto para ajudar, mas que iriam mandar alguém assim que fosse possível. Um minuto depois, ligou novamente e disse com a voz calma: – Oi, eu liguei há pouco porque tinha alguém rondando minha casa. Não precisa mais ter pressa. Eu já matei o ladrão com um tiro da escopeta calibre 12, que tenho guardada em casa para estas situações. O tiro fez um estrago danado no cara! Passados menos de três minutos, estavam na rua da referida casa cinco carros da polícia, um helicóptero, uma unidade do resgate, uma equipe de TV e a turma dos direitos humanos (também conhecida maldosamente como direitos dos manos), que não perderiam isso por nada neste mundo. Eles prenderam o ladrão em flagrante, que ficava olhando tudo com cara de assombrado. Talvez ele estivesse pensando que aquela era a casa do Comandante da Polícia. No meio do tumulto, um tenente se aproximou do que fez as ligações e disse: — Pensei que tivesse dito que tinha matado o ladrão. E ouviu: — Pensei que tivesse dito que não havia ninguém disponível.