Minha conversa com Freud

O que Freud diria se pudesse andar pelo mundo atual?

Caros leitores como uma estudante curiosa da psicanálise, durante minhas leituras e devaneios me perguntei como seria se pudesse conversar com Freud, para quem não sabe ele é considerado o “pai da psicanalise”, me pergunto o que pensaria ele agora, tantos anos depois. Certamente novos questionamentos surgiram para quem trabalha com a mente humana, tantas coisas estão diferente na atualidade, em relação ao mundo que ele conheceu.

Imagino se ele consideraria alvo de estudos o renovado desejo do homem pela sua espiritualidade ou ainda como consideraria o avanço da tecnologias e como elas podem influenciar no psiquismo. Certamente o ritmo de vida que temos hoje e disparidade com os nossos ciclos biológicos levariam a considerar o impacto. Em meus devaneios acredito que ele falaria “vocês realmente tem motivos para estarem perturbados emocionalmente o que vivem é insano e toxico de muitas maneiras”.

Muitas coisa que vivemos hoje não estavam diretamente presentes nas obras freudianas o que torna muito interessante imaginar sua opinião. Porém observo um comportamento imutável, ainda procuramos veementemente a felicidade. Um grande avanço ocorreu quando com o tratamento químico dos desiquilíbrios mentais conseguimos avançar em tratamentos e conseguir mais qualidade de vida aos pacientes, mas hoje muitas pessoas ainda tentam acelerar ou acalmar seu psiquismo através de medicamentos, não estão necessariamente doentes, porém buscam adaptar-se a uma vida que não é sua, a um ritmo cada vez mais frenético que causa insegurança e renovadas e exacerbada autocrítica.

Sabemos que boa parte dos quadros depressivos e ansiosos que vivemos ocorrem pôr conta do estresse e da insatisfação pela situação em que se vive. Que resposta posso oferecer frente a essa constatação? Sinto em admitir mais são muito poucas.

No mundo em que me movo e onde estão meus pacientes temos culto a produção e o consumo, relações interpessoais cada vês mais instáveis, competição desenfreada por poder, ameaças nucleares e tantos outros desafios que pairam sob a nossa cabeça, acho que a descoberta da tão sonhada fonte de felicidade eterna deve ser adiada, primeiro porque não acredito que advenha de modo externo e nem que sua busca seja fácil depois, pois acredito que  dependemos uns dos outros, nosso propósito de criação é o viver em coletividade, temos uma natureza emocional que carece de afeto. E nas últimas semanas foi o que menos presenciei.

Até a próxima semana ou a qualquer momento na terapia.

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