Guardiões da Infância

Em conversa com uma amiga psicóloga, uma comparação me fez refletir: Dizia ela: “Nunca vi um adulto obrigando outro a comer toda a comida do prato, nem colocando o outro de castigo por ter quebrado uma louça na mesa de jantar, menos ainda forçando que a pessoa vista um casaco quando ela lhe afirma não estar com frio. Então, por que agir assim seria a melhor maneira de educar uma criança?”

Ao presenciar um adulto arrastando outro pelo braço, gritando e apontando o dedo na direção de seu rosto, ameaçando ou chacoalhando este pelos ombros, provavelmente ficaríamos chocados, e alguns de nós até tentariam intervir. Então por que normalizamos a cena quando quem está do outro lado é uma criança?

Será que nós adultos sabemos exatamente o que fazer e como agir diante de situações desafiadoras? Será que os pais têm sempre razão? Ou será que em nossa infância, por falta de informação e ferramentas melhores para lidar com situações difíceis, nossos pais agiam assim, e passamos a normalizar esse tipo de atitude?

Nós não obrigamos outro adulto a fazer as coisas da maneira que queremos. Isso é feito com uma criança porque o adulto sabe que ela não poderá revidar. Não seria essa uma descrição de covardia? Bater em alguém por que é mais fraco e incapaz de se defender?

No último final de semana aconteceram as eleições para os novos conselheiros tutelares. Órgão que desempenha um papel crucial na proteção e promoção dos direitos das crianças e adolescentes.

Composto por membros eleitos pela própria comunidade, o Conselho Tutelar tem como missão garantir que nossas crianças tenham acesso à educação de qualidade, assistência à saúde, alimentação adequada, lazer e, principalmente, à convivência familiar.

Em casos de violação desses direitos ou situações de abuso, exploração, negligência ou abandono, os membros do Conselho podem encaminhar a criança a um abrigo temporário, orientar a família ou, quando necessário, acionar as autoridades competentes.

Enquanto refletimos sobre o tratamento que damos às nossas crianças, é essencial valorizar órgãos como o Conselho Tutelar, verdadeiros guardiões dos direitos infantis. Através do apoio e fortalecimento dessas instituições, podemos trabalhar juntos para criar uma cultura que, de fato, respeite a infância e a juventude.