A comunicação pode ajudar a combater o coronavírus e salvar vidas!

Isabel Rodrigues é mestre em comunicação e cultura midiática e
professora das faculdades de Relações Públicas e Jornalismo da FAAP e
da Universidade Católica de Santos.

Números são frios, mesmo se expressivos, não têm alma, não contam
histórias de vida. Talvez por essa razão não sensibilizem a todos.
Fosse o contrário, os mais de 200 mil brasileiros mortos e os mais de
oito milhões de infectados pelo coronavírus seriam mais do que
suficientes para inibir as aglomerações de compras de Natal e as
baladas da virada do ano. Centros comerciais ficaram lotados e festas
para lá de animadas foram realizadas no campo, litoral e cidade.
Especialistas dizem que o vírus também “comemorou” e que o tamanho da
sua “alegria” será demonstrado nas estatísticas de fechamento de
infectados e mortos no mês de janeiro. Esperam-se números
assustadores. O quadro que se desenha é complexo: hospitais de grandes
centros revelam capacidade esgotada em suas UTIs. E os hospitais de
campanha, vale lembrar, foram desmobilizados!

A agitação de final de ano, não se pode negar, já era esperada e as
suas consequências previsíveis. Porém, pouco ou nada foi feito para
inibi-las. Nesse momento, as diferentes ferramentas de comunicação, se
utilizadas (e da forma correta), com frequência e ênfase necessárias,
por certo ajudariam a mitigar os danos que já estamos vendo.
Informação verdadeira e oportuna, não é segredo, salva vidas!

Os veículos de comunicação, cada um a seu jeito e de acordo com suas
preferências políticas, têm cumprido, é verdade, o seu papel de
informar. Mas será que o formato jornalístico alcança e impacta a
todos como se deve e precisa? Será que este formato tem o poder de
mudar atitudes? Pelo que se viu até o momento, não, sobretudo no
período do final de ano.

É fato que o governo federal não tem grande apreço pela comunicação
de serviços, principalmente se voltada para ações relacionadas à
pandemia. Para ele, a Covid-19 não passa de uma gripezinha. Mas não
é, já está mais do que provado que se trata de uma enfermidade grave
e que a sua “segunda onda” aparenta ser mais agressiva do que a
primeira. Por essa razão, a população precisa ser alertada e de forma
incisiva, apesar do início da vacinação, de que ainda não dá para
relaxar e dispensar o uso dos aparatos de proteção (máscara e
higienização das mãos) assim como do isolamento social (quando
possível) e do distanciamento físico. Aglomerações nem pensar!

Discursos políticos e análises jornalísticas de profundidade não
conseguiram tocar os corações e mentes dos cidadãos. Muitos seguem
dando de ombros para os perigos já comprovados. Já passou da hora das
autoridades, as Estaduais na falta da Federal, convocarem o talento de
profissionais para desenvolverem campanhas de comunicação, utilizando
os diferentes meios para sensibilizar a população, sobretudo a parcela
mais jovem, que ainda se imagina imune aos efeitos do coronavírus.

Campanhas comunicacionais com o intuito de sensibilizar e alertar a
população foram realizadas no passado e com excelentes resultados: de
prevenção a AIDS, pelo uso do cinto de segurança, de economia de
água durante períodos de seca prolongada, dentre outras. É certo que
uma campanha bem feita e criativa produziria o efeito desejado, além,
é claro, de fortalecer a importância da vacinação.

Até que se vacine a maior parte da população brasileira, com qualquer
uma das vacinas disponíveis, a melhor forma de combater o coronavírus
é consumir informações de qualidade (verdadeiras!), e seguir sem
resistência as orientações preventivas oferecidas pela ciência. A
vida vale este esforço!

*Isabel Rodrigues é mestre em comunicação e cultura midiática e
professora das faculdades de Relações Públicas e Jornalismo da FAAP e
da Universidade Católica de Santos.

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