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A história da inflação no Brasil

Em 1963, a inflação brasileira chegou a 80% ao ano. Teria começado a subir mais expressivamente em 1960 e 1961, chegado aos 40% em 1962. A revolta contra a inflação ajudou a inflamar as passeatas que antecederam o golpe que depôs João Goulart em 31 de março de 1964. Naquele ano, a inflação atingiu 92% – Humberto de Alencar Castello Branco, o primeiro presidente do regime militar, havia sido empossado em 15 de abril. Posteriormente, o país passou alguns anos combatendo a inflação com relativo êxito, com todos os custos sociais que isso impõe, até que dez anos depois a inflação retornou para 27%, entre outras razões devido à crise mundial do petróleo de 1974; em 1976 os preços subiram 46,3%, e chegaram a 77% em 1979, ano em que tomou posse o último presidente militar, João Figueiredo.

No ano de 1984, a inflação bateu 215,2%. Em março de 1985 assumiu o presidente José Sarney e a inflação ao fim do primeiro ano de seu mandato foi de 242,2%, considerada hiperinflação para padrões mundiais. Com o Plano Cruzado implantado em fevereiro de 1986, congelando preços, salários e a cotação do dólar, a inflação caiu para 79,6% no ano, mas em 1988 já estava de volta bravíssima com seus 980%; no ano seguinte pulou para 1.973% e bateu 1.621% em 1990, primeiro ano do governo Fernando Collor de Mello, que havia assumido em março e implantado logo nos primeiros dias de mandato um plano radical, que incluía bloqueio de depósitos e poupanças. Collor ficou pouco tempo no poder; foi destituído pelo Congresso Nacional no fim de 1992, assumindo o vice-presidente, Itamar Franco, que viu a hiperinflação chegar a 2.477% em 1993, até que, com Fernando Henrique Cardoso no ministério da Fazenda, foi montado o Plano Real, implantado em julho de 1994. A partir daí, o Brasil começou a conhecer o que seria viver sem inflação.

Os brasileiros hoje abaixo de 40 anos não têm a experiência de viver e trabalhar sob um sistema de preços no qual a hiperinflação destrói a função da moeda como instrumento de troca, medida de valor e reserva de valor. Baixos investimentos, elevado desemprego, desconfiança dos agentes econômicos no país, descrédito internacional, falta de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB), aumento da pobreza e corrosão diária do poder de compra dos salários são alguns dos elementos dessa tragédia chamada “hiperinflação”.  O Brasil, se forem separados os poucos anos de inflação baixa desde 1960, viveu pelo menos 34 anos de inflação elevada, de 1961 a 1994, e nisso reside uma das causas de, mesmo sendo um país rico de recursos naturais, sermos um país tão pobre, tão atrasado e tão desigual, incapaz de conseguir se desenvolver, eliminar a miséria, reduzir a pobreza e ter renda por habitante equivalente a pelo menos o dobro da atual.

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