A telenovela, do jeito que conhecemos, pode estar próxima do fim. Considerado o principal produto da televisão brasileira desde o fim da década de 1960, o modelo parece perder força em meio às novas tecnologias da comunicação, como as redes sociais e até outras opções de entretenimento mais flexíveis, como o Netflix.
A plataforma de streaming possibilita que o espectador assista filmes e séries – estas últimas em um formato idêntico às novelas – em qualquer hora e dispositivo, como celular, TV ou computador. Em 2013, quando a Netflix ainda ganhava espaço, as novelas da Globo, principal emissora brasileira e uma das que mais produz o formato no mundo, já vinha tendo problemas com a perda de público com suas histórias.
E se haviam patriotas que torciam o nariz contra as séries estrangeiras, esse cenário já indica mudanças.
Coisa Mais Linda, que estreou este ano, foi produzida no Brasil e, inclusive, com artistas que já trabalharam em novelas, como Maria Casadeval. Com alto investimento, o novo modelo de entretenimento vem ampliando cada vez mais o seu público. Mas e as produtoras nacionais de novelas? Ao que indica, a Globo já vem se atentando a tendência. A atual novela das seis, Órfãos da Terra, tem seu capítulo diário disponibilizado um dia antes no Globo Play, aplicativo da mesma espécie do Netflix. É a primeira vez que a emissora carioca toma uma medida como essa, que notoriamente, visa, desesperadamente, se adequar aos novos tempos, criando um novo jeito de se ver novela.
Em audiência, o produto segue demonstrando potência: a atual novela das nove, A Dona do Pedaço, que estreou na semana passada, vem conseguindo bons índices, os melhores dos primeiros capítulos de uma trama desde 2013. Mas até quando? Terá a Globo força de investimentos para competir com as produções internacionais? Ganhará espaço no modelo de streaming? Ou será que o tão famoso produto da cultura nacional está com seus dias contados?