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Educação não é essencial?

Um grupo bastante prejudicado pela pandemia que ainda não recebeu todo o apoio necessário é o das crianças e adolescentes, que passaram meses inteiros sem poder ir à escola. Em Laranjeiras as escolas particulares depois de muito tempo fechadas, já estão de portas abertas há algum tempo.

Para os alunos das redes públicas, a situação é mais crítica; enquanto colégios particulares investiram em meios de transmissão de conteúdo on-line, as escolas municipais e estaduais nem sempre conseguiram se modernizar a ponto de manter os alunos devidamente engajados; além disso, em muitos casos faltam aos próprios alunos as ferramentas tecnológicas para seguir acompanhando as aulas.

As escolas seguem fechadas enquanto tantas outras atividades voltaram a funcionar, ainda que com todas as restrições de higiene e distanciamento exigidas para evitar surtos de Covid-19. Ao que parece o poder público e sociedade civil organizada, apesar do discurso, não incorporaram na prática a noção da escola como atividade essencial. Não houve um amplo pacto para o retorno às aulas presenciais o quanto antes, do modo mais seguro possível. A ideia de reabrir escolas continua enfrentando resistências fortes, seja dentro dos próprios governos, seja da parte de certos grupos de pressão.
Segundo dados da Unicef, o Brasil é um dos cinco países onde as escolas permaneceram fechadas por mais tempo, e que, segundo estimativa do Banco Mundial, o porcentual de estudantes sem condições mínimas para ler adequadamente um texto irá de 55% para 77% com escolas fechadas por 13 meses. O resultado da interrupção do ensino não está apenas no déficit de aprendizagem, mas também no aumento da evasão escolar, que sempre foi um problema crônico no país, especialmente no ensino médio, mas que a pandemia agravou.
Um estudo da Universidade de Zurique, feito em 131 cidades do estado de São Paulo onde houve reabertura de escolas, mostrou que essa reabertura não provocou alteração no curso da pandemia. Resultados semelhantes foram observados em diversos outros países onde o fechamento das escolas durou muito menos tempo que no Brasil. Um desses estudos, realizado em 191 países, chamou a atenção do Unicef, que afirmou em comunicado que manter as escolas fechadas por muito tempo levaria a “impactos devastadores no aprendizado, no bem-estar físico e mental e na segurança” das crianças e adolescentes.

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