O Brasil sempre foi um estado com índices preocupantes quanto à educação. As raízes do problema estão na formação da nossa sociedade. Afinal de contas, a administração de Portugual por aqui, ainda na época colonial, privava a população do acesso à imprensa, livros e até da presença de universidades no território nacional. A situação passou a mudar após 1808, com a chegada da Família Real, fugindo de Napoleão Bonaparte para a América. O país dá um grande salto na educação e também em outros aspectos, mas os então três séculos de obscuridade foram e ainda são um legado crônico, como um visgo que se prende ao Brasil.
Um legado crônico e visguento, sim. Pois boa parte dos governantes que assumiram o país pouco ou nada fizeram para combater as injustiças e desigualdades sociais formadas na sociedade, não deram incentivo à educação. E é popular o dito de que uma nação desenvolvida e próspera começa com um povo instruído.
Pois vem a pandemia e, invariavelmente, compromete ainda mais esta situação. Estudos apontam que a educação do Brasil pode regressar em até quatro anos por conta das medidas tomadas em prevenção da Covid-19 – que são necessárias. Defende-se que o ensino a distância no ensino superior têm eficácia relativa, julgando a dedicação e o policiamento dos próprios estudantes para isso. O problema é que crianças e adolescentes, ainda na educação básica, estão na mesma estaca. É no mínimo perigoso o resultado que esta formação pode trazer a estes futuros jovens e cidadãos, que são o futuro de um país. Será preciso fibra e boa-vontade por parte dos governantes e, sobretudo, disposição para o diálogo e permitir que professores e pedagogos – os reis entendidos do assunto – possam nortear os caminhos para a retomada do tempo perdido, para que não tenhamos uma geração perdida. Porque por muitas vezes, os políticos têm ditado os rumos da educação neste país, quando esta autoridade deveria caber aos profissionais da área, que quiçá são considerados.