Natália: determinação e resiliência

“Quando o assunto é estudar Medicina nos países vizinhos é preciso cuidado. Há boas instituições e há também, as muito ruins”

O alto número de concorrentes, a desigualdade econômica e os valores exorbitantes das mensalidades têm levado muitos estudantes brasileiros a optarem por estudar Medicina fora do país.

Segundo dados do Ministério das Relações Exteriores, atualmente cerca de 65 mil brasileiros cursam Medicina em países vizinhos. Em sua maioria estão em universidades do Paraguai, Argentina e Bolívia.  Este número equivale a mais de um terço do total de alunos de Medicina de todo o Brasil

A jovem médica Natália Kailer do Santos, que entrevistamos nesta edição, fez seu curso na Bolívia e conta como superou enormes desafios, sendo um belo exemplo de determinação e resiliência para jovens de qualquer classe social.

Quando o assunto é estudar Medicina nos países vizinhos é preciso cuidado. Natália escolheu uma faculdade católica bem conceituada. Enfrentou dificuldades inumeráveis, mas se manteve firme em seu propósito.

Existem, entretanto muitas faculdades caça-níqueis, que além de não proporcionarem uma formação adequada, podem colocar em perigo a vida e a saúde dos estudantes. A cidade paraguaia de Pedro Juan Caballero, por exemplo, tem nove faculdades de Medicina, nas quais estudam cerca de 12 mil brasileiros. Alguns dos cursos começam a funcionar sem sequer ter a habilitação do governo local. Outros até têm credenciamento, mas sofrem com estrutura precária, como falta de laboratórios e bibliotecas adequadas.

Conforme relatório do Itamaraty há uma série de dificuldades vividas pelos brasileiros e falhas no sistema de ensino. Além das dificuldades econômicas e com o idioma, havia casos de cobranças irregulares por parte das universidades e até denúncias de abuso sexual de professores.

Por tudo isso é preciso pensar muito bem antes de enviar um filho para se aventurar nesses países. Se preparar e escolher uma boa instituição exige pesquisa e empenho. Por outro lado, cabe ao governo brasileiro, ampliar as oportunidades para os estudantes nos diversos níveis.