Educação: entre a realidade e a utopia

O que busco formular conceitualmente como “Educação do Futuro” não se trata de uma formulação idealista, mas de um esforço teórico, como concreto pensado, decorrente da forja e da experiência acumuladas no chão da escola, associadas com a escolha consciente do ofício de ensinar e aprender, com a busca da formação continuada e sempre inacabada, e com a defesa educação pública e gratuita de qualidade, socialmente referenciada com os interesses do povo brasileiro.

Desse modo, devo apresentar aqui um esboço do que pretendo escrever neste espaço nas próximas 13 semanas:

1) O professor do futuro: identidade e amor pela profissão;

2) O professor do futuro: na escola como templo dos conhecimentos científicos e culturais a serviço da emancipação humana;

3) O professor do futuro: na escola como um jardim;

4) O professor do futuro: na escola como num hospital;

5) o professor do futuro: na escola como na trabalho (na fábrica, no campo, nos serviços);

6) o professor do futuro: na escola como nas lutas políticas e nos movimentos populares;

7) o professor do futuro: na escola como na luta por justiça (direito, delegacia, fórum, presídio – agências primárias e secundárias de execução penal);

8) o professor do futuro: na escola como nas demais repartições públicas do Estado (federal, estadual ou municipal);

9) o professor do futuro: na escola como na praça;

10) o professor do Futuro: na escola como na arquitetura;

11) o professor do futuro: na escola como na música;

12) o professor do futuro: na escola como na cozinha;

13) o professor do futuro: na escola como no esporte.

A ideia de futuro em termos educacionais e o princípio educativo

A ideia de futuro aqui está colada ao que já existe. Expressa-se enquanto continuidade e ruptura, como superação dialética, implicando saltos desde a esfera quantitativa até o necessário salto para uma qualidade nova.

Parto da compreensão teórica segundo a qual essa superação abrange a totalidade social do modo de produção da vida material, passando pela análise e compreensão do mundo do trabalho, das relações do trabalho, do conteúdo e

dos processos de trabalho e das contradições que os atravessam, como trabalho socialmente determinado e, como consequência, a educação socialmente determinada, desvendando-a como contradição entre as esferas da formação/transformação e da adaptação/conservação.

E assim, mudar o mundo do trabalho para mudar a educação e mudar a educação visando mudar o mundo do trabalho. Como asseverou Paulo Freire: “se a educação sozinha não transforma a sociedade, sem ela tão pouco a sociedade muda”. Mudar com precisão (“navegar é preciso, viver não é preciso” – general Pompeu, Roma 70 a.C). Mudar o mundo é preciso, ficar como está não é preciso. Essa precisão em termos educacionais passa por uma correta definição do princípio educativo.

A esse respeito associo-me ao campo teórico desenvolvido na esfera da pedagogia histórico-crítica, formulada por Dermeval Saviani, aportada pelos fundamentos do princípio educativo do trabalho como campo novo para o vislumbrar do professor e da educação do futuro.

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