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08 de Março: por que um dia para as mulheres

O Dia Internacional das Mulheres, 08 de março, é comemorado em centenas de países e foi instituído oficialmente no Ocidente a partir de 1975 pela Organização das Nações Unidas (ONU), reconhecendo a necessidade de um dia para rememorarmos a importância de direitos iguais entre as mulheres e os homens.

Dentro da divisão social do trabalho, as funções estabelecidas para mulheres, de forma geral, ligam o gênero feminino somente aos trabalhos domésticos sem remuneração, sustentadas dentro de um casamento por homens, personificados no gênero masculino. Definem-se, assim, funções e um padrão comportamental específico para o que se chama de homens e o que se chama de mulheres. Essa posição, coloca as mulheres/gênero feminino em uma situação de inferioridade e discriminação de suas capacidades físicas e cognitivas. Tal convenção social, estabelecida amplamente, não abarca a diversidade de papeis possíveis exercidos pelas mulheres ao logo da constituição das sociedades, desde guerreiras em conflitos armados, lideranças políticas e afins.

Com os períodos revolucionários entre os séculos XVIII e XX, entretanto, ideais de igualdade e liberdade ecoaram pelo mundo. Mudanças nas estruturas fundamentais das sociedades eram almejadas. A Revolução Francesa (1789) trouxe a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, com direitos universais de liberdade, propriedade, segurança e resistência à opressão, aprofundados na Constituição Cidadã de 1988 no Brasil. As mulheres não são incluídas, a não ser indiretamente em 1789, mas foram os primeiros impulsos para que esses direitos universais fossem dirigidos também ao gênero feminino e posteriormente, a toda diversidade de pessoas que habitam o planeta Terra, para além dos padrões estabelecidos para homens e mulheres.

As mulheres foram inseridas no mercado de trabalho, fora das atividades domésticas, pela Revolução Industrial (1780) de forma extensiva, através do surgimento das fábricas e a necessidade de mão-de-obra, contudo, ganhavam menos pelo mesmo tempo de trabalho e muitas vezes, com jornadas ampliadas, além de continuarem responsáveis pelas atividades domésticas. Frações de mulheres dentro de organizações, como a Associação Internacional de Trabalhadores (AIT-1864) começaram a se organizar por direitos iguais. Mais tarde, os movimentos adotaram também a pauta política em torno da conquista do direito de voto e no século passado, pautas culturais.

Em 1909, entre protestos e greves, a seção da AIT nos Estados Unidos organizou em Nova York o Dia das Mulheres, em fins de fevereiro. No ano seguinte, durante o próprio Congresso da AIT em Copenhague, intitulada de II Internacional, a necessidade de um dia foi aprovada. E em 1917, em meio a Primeira Guerra Mundial (1914-1918), no dia 08 de março (23 de fevereiro do calendário juliano vigente na Rússia), as mulheres na Rússia se reuniram em uma grande passeata contra o Czar, a fome, a guerra e o desemprego. Posteriormente, com a Revolução Russa, o bloco da União Soviética reconheceu, em 1921, um dia para as mulheres.

É um marco fundamental e legítimo para não esquecer que o gênero feminino e as mulheres não devem ser inferiorizadas. Uma maneira que as sociedades encontram para lidar com suas feridas, suas fragilidades e construir sociedades com equidade social em renda, gênero, diversidade étnico-racial e meio ambiente.