Os textos bíblicos, as leituras, pregações, homilias e vias sacras do tempo quaresmal trouxeram recordações ao escriba, como a bela história publicada há anos pelo jornal Gazeta do Povo, de autoria do lapeano Francisco Brito de Lacerda, com o título A Tamareira do Deserto, da qual devo lembrar algumas passagens. Consta do Antigo Testamento que Salomão foi um dos mais notáveis reis de Israel e sua fama se espalhou além fronteiras. Segundo estudiosos, no século X a/c a rainha de Sabá, teria vindo da Etiópia para conhecê-lo e quando retornou à sua terra Salomão acompanhou sua comitiva alguns quilômetros deserto a dentro. Ao se despedirem ela teria plantado um caroço de tâmara profetizando: A tamareira que aqui vai nascer viverá até por aqui passar um rei maior que Salomão. Anos, ou séculos depois, no local, que era um oásis e paradas de caravanas todos admiravam aquela tamareira, bem maior que as outras árvores e nas viagens seguintes observavam que muitas secavam ou perdiam folhas, enquanto aquela continuava viva e gigantesca. Durante o descanso naquele oásis, os beduínos diziam ouvir músicas celestiais quando o vento do deserto agitava as folhas da tamareira. Uma tarde, um casal e um menino se aproximaram do oásis, eram fugitivos. Após se acomodarem, a mulher admirou a beleza das tâmaras, lamentando estarem muito altas. O menino se aproximou do grosso tronco e nele apoiou uma das mãos. A gigantesca tamareira curvou-se até suas folhas e cachos carregados de frutos tocarem o chão arenoso do deserto. A mulher colheu quantas tâmaras desejou, a árvore voltou a ficar ereta, e, após todos se acomodaram sob as árvores do oásis para passar a noite. Naquela noite quem pudesse ouviria coros de anjos entoando lindos cânticos quando o vento passava entre as folhas da velha tamareira. Na manhã seguinte o casal e o menino prosseguiram a viagem e, no mesmo dia a tamareira começou a morrer. Cumpriu-se a profecia da rainha de Sabá: por ali passou um rei infinitamente maior que Salomão.
PS. A Rainha de Sabá possui significados e denominações diferentes para diversos povos do norte da África e do Oriente Médio. Os etíopes a chamam de Makeda, os muçulmanos a chamam de Balkisou Bilkis e os romanos a chamavam de Nicaula. Mas o nome que ficou mais famoso na história veio em decorrência da denominação que o rei Salomão, de Israel, a atribuiu, Rainha de Sabá. Mas, independentemente da diferença de nomeação, Torá, Bíblia e Alcorão concordam que ela foi uma soberana de significativa importância para o Reino de Sabá, que incluía os territórios da Etiópia e do Iêmen. Acredita-se, contudo, que ela tenha vivido no século X antes de Cristo.