Inobstante as inabordáveis conquistas da atualidade, sob todos os aspectos considerados, o sofrimento campeia dominador, vencendo as criaturas humanas, que se lhe entregam em esgares de agonia ou se rebelam em estertores de revolta…
Todo e qualquer tipo de sofrimento sempre constitui informação da vida a respeito de algo, no indivíduo, que está necessitando de revisão, de análise, de correção.
Por isso que, no processo de aquisição da consciência, o ser humano aprofunda a autoidentificação, mediante o mergulho nos refolhos do ser, utilizando-se dos recursos da meditação, do estudo, da ação edificante, sem os quais o sofrimento se lhe instala com a função de despertá-lo para a realidade de si mesmo.
Vige, no Universo, a ordem, que se deriva de Deus, e toda vez que há uma agressão ao seu equilíbrio, aquele que a desencadeia sofre-lhe o inevitável efeito, que impõe reparação.
O sofrimento é, portanto, o mecanismo precioso de que a existência se utiliza para a corrigenda dos equívocos e dos distúrbios que a insensatez e a imaturidade provocam na harmonia cósmica.
Qualquer atentado contra a própria pessoa, o seu próximo ou a vida, transforma-se em débito para com a consciência, que somente se pacifica após o indispensável reajuste.
Como consequência, a carga de aflições é sempre resultante da gravidade ou não do desconserto gerado anteriormente, por isso que, menor em uns e mais pesada em outros, considerando-se a diferença de conduta existente entre as diversas criaturas, o nível de responsabilidade e de conhecimento.
Não foi por outra razão, que o Messias nazareno obtemperou: Mais se pedirá àquele que mais recebeu, demonstrando que a responsabilidade de quem conhece as estruturas da vida é sempre maior do que a daquele que as ignora.
O conhecimento, portanto, que liberta, pode tornar-se algema, quando não levado em conta nas ações que se pratica. A existência terrestre, desse modo, é assinalada por fenômenos biológicos, tais como: nascer ou renascer, viver, morrer… e permanecer imortal.
Cumpre a cada um o dever de evitar-se o sofrimento mediante uma conduta exemplar, que não o impede de ser vítima de outrem, o que, no entanto, não merece maior consideração, desde que se encontre em paz de consciência, disso não se derivando qualquer forma de aflição corretiva.
Indispensável, igualmente, que haja uma preparação psicológica para as ocorrências orgânicas e emocionais, considerando o desgaste da máquina, sem que isso afete a estrutura dos sentimentos, cultivando a alegria de viver me qualquer estágio sob as condições que lhe são inerentes.
À infância sucede a juventude; a essa, a maturidade, a velhice e a morte, quando essa última não ocorre antes. Cada fase possui o seu encantamento, os seus valores e contributos, que são básicos para a construção de uma existência feliz.
Tentar viver uma experiência noutra fase que não a corresponde constitui desequilíbrio e irresponsabilidade, que responde por desajuste e decepção.
Rápida é sempre a transitoriedade orgânica, por essa razão, devendo ser bastante aproveitada sob o ponto de vista espiritual.
Vencida uma etapa, ei-la transformada em base para que a outra se estabeleça, e, concluída a reencarnatória logo advém a correspondente libertação sem saudades do passado nem ansiedades relacionadas ao futuro.
Muitos sofrimentos que existem na Terra podem ser modificados desde o momento em que o ser humano altere a conduta emocional, dispondo-se à renovação e à coragem para os enfrentamentos inevitáveis.
O não sofrer seria uma aspiração utópica, impossível de acontecer na escola terrena, em face do seu estágio de evolução.
Aos transeuntes das experiências que ela propicia cabe a responsabilidade para tornar a existência mais feliz ou menos tormentosa, através da aceitação dos códigos de ética e dos princípios morais que vigem invioláveis e a todos são impostos com o mesmo rigor.
A complexidade dos sofrimentos resulta, desse modo, das intrincadas realizações perversas que os indivíduos se permitem, atirando para o futuro o seu danoso resultado.
Ser feliz é bênção possível em qualquer conjuntura, mesmo quando se está sofrendo, pelo conhecimento de que se está libertando.
Felicidade, portanto, não é a ausência de dor, mais a perfeita compreensão da sua finalidade.
Livro: ILUMINAÇÃO INTERIOR. Joanna de Ângelis (Espírito). Psicografia Divaldo Pereira Franco. Livraria Espírita Alvorada Editora. 3ª ed. Salvador. BA. 2015. Págs. 107-111.
Manoel Ataídes Pinheiro de Souza. CEAC. Guaraniaçu – PR. manoelataides@gmail.com