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A VERDADEIRA HUMILDADE

“Vós me chamais o mestre e o senhor, e dizeis bem; porque eu o sou.” Jesus (João, 13:13)

                É por demais expressiva a vestimenta da humildade num ser que alcançou avançado nível de evolução.

                Para o homem comum, habituado aos títulos efêmeros do mundo, interessado na projeção que possa obter ante os olhos da massa ou de grupos específicos, a forma usada por Jesus tem tudo para ser taxada de exibicionista ou vaidosa.

                A confirmação do reconhecimento da Sua condição por parte dos discípulos e, no entanto, uma expressão de autêntica humildade. Equivoca-se aquele que pensa que a humildade é uma virtude cheia de evasivas e de desmentidos. Está em erro quem pretenda fazer da humildade a arte de se incapaz ou da simulação de incapacidade.

                A humildade é uma virtude que tanto se alia à verdade quanto a simplicidade e a perseverança. Não é fácil ser humilde no mundo, portanto.

                Acostumado a mentir para agradar e ser bem-visto, para galgar posições no meio dos outros ou parecer aquilo que não é, o indivíduo passou a admitir que ser humilde é ser subserviente, pusilânime, teatral. Desfazer de si mesmo parece-lhe ser o ideal dessa suposta virtude. Porém, tais concepções de humildade são rematados enganos.

                A grandeza espiritual da humildade está em não se exibir, requerendo a incidência dos flashes e holofotes sobre suas realizações. Não cabe à humildade, entretanto, esconder-se, desdizer-se, arrastar-se.

                Força motriz das grandes quão pequenas realizações no mundo, a humildade não anda cabisbaixa ou falando pelos cantos da boca com medo de ser vista e ouvida.

                Se a humildade de quem sabe não se oferecesse a fazer e ensinar, por temos de ser confundida com a vaidade, o planeta ainda estaria no estado primitivismo.

                Caso a humildade de quem conhece não se apresentasse para apontar rumos, para não ser tida como presunção, com certeza a Terra ainda viveria nas trilhas do caos de maiores erros.

                É a humildade dos pesquisadores do bem que os faz buscar a verdade, seja na ciência, na tecnologia, na filosofia, onde for; é ela que os impulsiona a persistir buscando, buscando sempre, sem nenhuma preocupação com a pressa, com o reconhecimento público ou com o lucro imediato. Muitos deles vivem com simplicidade, têm hábitos moderados e morrem na pobreza, relativamente ao benefício que trouxeram para a Terra.

                É a humildade que faz com que pais e mães, conscientes da sua missão , se tornem repetidores incansáveis das mesmas lições aos filhos imaturos, despistados ou rebeldes, ao longo de toda infância, pela juventude afora e, em muitos  casos, pela fase adulta também. Esses genitores não esperam nada. Nenhuma premiação, nenhum reconhecimento. Necessitam somente do aplauso da própria consciência, que é a presença de Deus na criatura humana, enquanto tudo fazem pela felicidade dos seres amados postos aos seus cuidados.

                Não se pode negar, porém, que haja pesquisadores e genitores presumidos, cheios de si pelos caminhos terrenos. Esses, contudo, já obtiveram no mundo o seu prêmio. Não trabalham para engrandecer a vida, mas para se glorificar com os brilhos passageiros de que se nutrem.

                A humildade atua para que a vida cresça e se embeleze onde ela apareça. A vaidade esforça-se para abalar o movimento de exaltação e formosura da vida, a fim que seja o centro da cena.

                Caso Jesus Cristo não se tivesse confirmado como Mestre, como o esperado Senhor, para quem as almas correriam?

                A quem as pessoas sem rumo buscariam? Como tudo ficaria?

                Sim, eu o sou…

                A mesma humildade que O fez afirmar-se Senhor e Mestre fê-lo afirmar-se como o próprio Jesus, procurado pelos soldados, no triste entardecer da traição em Jerusalém.

                Eis a virtude que não foge de se apresentar para o trabalho, nem para a alegria, nem para o testemunho levado a sorver.

                Ele é aquele que não se esquivou do mel de ver o povo saudá-lo, esfuziante, quando entrou montado em Jerusalém; tampouco do fel que, numa cruz patrocinada pelo arbítrio dos homens moralmente ainda pequeno, foi levado a sorver.

Livro: QUEM É O CRISTO. F. de Paula Vítor (Espírito), psicografia de José Raul Teixeira. Fráter Livros Espíritas.  Niterói – Rio de Janeiro – RJ. 1ª Ed. 2008.

Manoel Ataídes Pinheiro de Souza – CEAC, Guaraniaçu – PR manoelataides@gmail.com