Condicionamentos Viciosos

Uma das mais chocantes descobertas que realiza o recém-desencarnado é a constatação de que a vida prossegue sem grandes alternações.

                Passados os primeiros momentos depois do fenômeno da morte biológica, à medida que a consciência vai despertando, o Espírito se defronta com surpresas contìnuas que lhe podem produzir um grande sofrimento, ou acentuá-lo, quando ele já o traz do corpó físico.

                As enfermidades prolongadas deixam impressões no perispírito que, pouco a pouco, vão diminuindo até desaparecer, como ocorre nos processos cirúrgicos de muita gravidade. Excepcionalmente, nas doenças expiatórias levadas com resignação e vividas com equilíbrio emocuonal, a morte rompe os laços físicos e logo que o ser se restabelece. Nas demais circunstâncias necessita-se, às vezes, de muito tempo para libertação total das impressões móbidas.

                O mesmo sucede com outros fenômenos fisiológicos que não desaparecem diante da desencarnação: a fome, a sede, o cansaço; as dores permanecem como se ainda o ser se encontrasse no envoltório material.

                Nos suicidas, por automatismos e pelas altas cargas de fluido vital da matéria, que forma, bruscamente, cortadas, ditos processos prosseguem unidos a outros que lhes reduzem a estados deploráveis de miserabilidade e decadência…

                Por sua vez, os hábitos condicionantes, por longo tempo mantidos, continuam afligindo e desesperando os desencarnados, com tal insistência, que lhe conduzem a estados psicopatológicos onde a alucinação e agressividade se apresentam com violência cruel.

                Não há milagre na morte.

                Cada sucesso ou desgraça permanem marcados no psicossoma que é depositado nas impressões que perduram depois da desencarnação. Por isso, pode-se afirmar: Tal vida, tal morte, da mesma forma que segundo as condições em que se durma, assim se despertará.

                Uma existência corporal é oportunidade educativa para o ser espiritual, que a deve utilizar com uma finalidade evolutiva, pois tal é seu destino.

                A busca do aperfeiçoamento íntimo é o dever do homem conscinte de sua realidade legítima, que é a imortalidade.

                Por isso, lhe corresponde lutar contra os atavismos primitivos, herança do processo de crescimento pelo qual tem passado, e despojar-se dos vícios adquiridos ao longo do tempo.

                Qualquer dependência que o escravize deve merecer sua mais forte atenção, procurando libertar-se da mesma, com a contribuição de sacrifícios contínuos, mediante os quais adquire nosos hábitos que plasmam um comportamento saudável.

                Fumo, álcool, jogo, drogas alucinógenas, deixam marcas profundas no perispírito, as quais, para conseguir livrar-se de sua impregnação, exigem tempo correspondente ao seu uso.

                Corpo sutil da alma, a tal ponto é maleável que nele todas as impressões encontram ressonância, gerando processos de modificacão em sua estrutura, que se refletem além da morte e na imediata reencarnação. Os vícios mentais, inclusive, produzem conflitos no ser espiritual, depois do período de utilização do corpo.

                A preguiça, o ciúme, a inveja, a maledicência, o ódio, a crueldade, a sensualidade, a avareza, a ambição, a perfídia, a traição, e outros semelhantes, respondem a mecanismos de infelicidade interior que obrigam o Espírito a repelir a existência, sob seus efeitos periciosos.

                A educação mental, através da disciplina dos pensamentos, não permitindo concessões à vulgaridade, é o método eficaz para edificação de costumes corretos, que facilitam a aquisição de valores éticos e espirituais para a perfeita libertação de quaisquer condicionamentos viciosos.

                O homem atual reflete, em sua conduta, os atos anteriores, do mesmo modo que, mais tarde,  se apresentará com as realizações hoje alcançadas.

                O compromisso, pois, para consigo mesmo, de melhorar para elevar-se, de lutar para conseguir o triunfo, tem regime de urgência e tem-se que iniciá-lo logo, imediatamente, não postergando-o, não postergando-o, porquanto, cada fracasso na disposição de realizá-lo, mais fixa o hábito infleliz…

Livro: Rumo às estrelas. Espíritos Diversos. Matilde de Villar (Espírito). Psicografia Divaldo Pereira Franco. IDE. Araras – SP. 1990

Manoel Ataídes Pinheiro de Souza – CEAC Guaraniaçu – PR. manoelataides@gmail.com