A coragem real é o esforço moral desenvolvido pelo ser humano para libertar-se da autoimagem que se credita superior à das demais pessoas do seu círculo social.
Quase sempre a coragem está associada à intemperança e à agressividade nos atos, com que o indivíduo resvala na precipitação, incapaz de conter os ímpetos de violência que o aturdem.
Toda vez em que se atira no torvelinho ameaçador ou nas lutas tirânicas com ambições desmedidas, ameaçando a estabilidade vigente, parece demonstrar uma grande coragem, no entanto, irresponsável, o gesto não passa de desequilíbrio de comportamento e de desarmonia da emoção.
A coragem da força para que sejam suportadas as provações mediante a conduta de misericórdia, munindo-se de cautela, a fim de que o tormento íntimo não se exteriorize de maneira destrutiva…
A coragem atua com serena confiança nas próprias resistências, não se expondo indevidamente, nem se permitindo os sentimentos inferiores da raiva, do ressentimento, do ódio, no momento da ação…
A coragem é conquista conseguida na sucessão das experiências evolutivas, após o trânsito entre dificuldades e sofrimentos inevitáveis, mediante os quais se adquirem resistência para os enfrentamentos e confiança nos resultados superiores que constituem a meta existencial.
Não são poucos aqueles que se detêm diante dos obstáculos que testam a capacidade do empreendimento moral e da lucidez intelectual, que surgem para ser vencidos…
O mártir da fé, o sacrificado na investigação cultural ou científica, o lutador do idealismo, o entusiasmo do apóstolo e a perseverança do artista ou do sábio, são expressões da coragem que os anima na permanência da busca dos objetivos que os emulam ao avanço…
As perseguições de qualquer tipo não os atemorizam, as calúnias não os molestam, as adversidades não os enfraquecem…
A coragem irradia força especial de tranqüilidade que impulsiona sempre para o avanço sem detença.
É necessário coragem para ser autêntico…
É necessário coragem para que o indivíduo mantenha-se humano, comporte-se de maneira adequada, sofra com dignidade, chore e sorria, sem escamoteamentos, sem a máscara de uma virilidade destituída de significado psicológico, mais tormentosa que saudável.
A coragem de amar sem possuir e servir sem esperar retribuição são características da sua estrutura emocional.
O Espírito estóico demonstra sua coragem, porfiando no bem quando os outros desistem, auxiliando indiscriminadamente quando campeia o desencanto, obstinadamente fiel aos seus objetivos.
A coragem é honorável. Não se jacta, nem se assoberba, mantendo-se discreta até o momento em que, convocada à ação, demonstra a sua força e valor.
Jamais se entibia, porque o móvel principal das suas realizações tem caráter interior de transformação moral para melhor.
Quando se preocupa com o exterior, torna-se vítima de outro inimigo que a ronda – a impulsividade.
Nada igual á coragem de Jesus!
Ninguém que se Lhe compare!
Nela inspiraram-se os mártires e os santos, ainda hoje apoiando-se todos aqueles que aspiram pela construção de uma sociedade melhor, mais justa e mais feliz.
Livro: ILUMINAÇÃO INTERIOR. Joanna de Ângelis (Espírito). Psicografia Divaldo Pereira Franco. Livraria Espírita Alvorada Editora. Salvador. BA. 3ª Ed. 2015.
Manoel Ataídes Pinheiro de Souza. CEAC. Guaraniaçu – PR. manoelataides@gmail.com