INCOSCIÊNCIA DE SI MESMO

A ausência do hábito da introspecção impede ao indivíduo o conhecimento de si mesmo, abrindo-lhe campo para imagens pessoais que lhe não correspondem à realidade. Por isso, mantém-se em estado de distração quase permanente, o que lhe dificulta o entendimento dos objetivos existenciais e de como comportar-se de maneira mais segura para atingir as metas que parecem distantes e inalcançáveis. Transcorre-lhes a existência como se estivessem num estado de sonho, em que tudo se apresenta impreciso, dúbio, especialmente no que diz respeito ao discernimento em torno da significação de si mesmo.

Lao-Tse, o célebre pensador chinês, teve oportunamente um sonho, no qual sentia-se como uma borboleta. Ao despertar, impressionado com a ilusão que lhe parecia uma realidade, interrogou-se: – “Eu sou um homem que sonhou ser uma borboleta ou sou uma borboleta sonhando que é um homem?”

Cada vez torna-se mais urgente a descoberta de quem se é, quais são as suas possibilidades de iluminação e os melhores caminhos a seguir na tentativa do auto-encontro. Enquanto esses valores profundos do Espírito não forem adquiridos ou pelo menos identificados, permanecerá uma significativa insegurança interior, geradora de ansiedade e de expectativa, de busca do insignificante e transitório e de frustração, de mal-estar…

A dor, mediante um elenco de fenômenos desagradáveis, predominará no seu comportamento, produzindo desencanto ou rebeldia, pelo fato de haver-se construído uma imagem que não corresponde à condição legítima que se é… Sempre que surpreendido em qualquer uma das manifestações do sofrimento, ei-lo em debandada do equilíbrio, fugindo do enfrentamento racional com a reação do organismo, da emoção ou do psiquismo que lhe solicita atenção e cuidados.

O ego pernicioso busca vestir-se de qualidades que não possui e considerar-se portador de méritos que não os tem. Porque se agiganta cada vez mais a ignorância deliberada a respeito do ser espiritual que realmente se é …

Formado por muitos dos instintos agressivos que remanescem da experiência da evolução, mantém o melindre em que sustenta a insegurança emocional, adentrando-se pelo ciúme, pela intranquilidade, pela ira fácil, pelo orgulho, pela mentira, quando necessário esconder as debilidades do sentimento, sempre mascarando-se conforme a conveniência da circunstância em que se veja surpreendido…

Deixa de ter para ser … O mergulho na conquista de si mesmo é compensado pela perfeita identificação da qualidade de vida que cada um elege para o jornadear na Terra, onde se acrisola e desfere o vôo no rumo do Infinito.

 

Livro: IMPERMANÊNCIA E IMORTALIDADE. Carlos Torres Pastorino (Espírito), psicografia de Divaldo Pereira Franco. Livraria Espírita Alvorada Editora. 3ª ed. Rio de Janeiro. RJ. 2004. p.55-62

Manoel Ataídes Pinheiro de Souza. CEAC  Guaraniaçu – PR. manoelataides@gmail.com

 

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