OS CUIDADOS DA FÉ

“Porque virão muitos em meu nome, dizendo: Eu sou o Cristo, enganarão a muitos.”
                                    Jesus (Mateus 24:5)

    Nenhuma época melhor para o assanhamento da loucura.
    Nenhum período mais propício para o comércio das coisas mais santas.
    Nenhuma ocasião mais ajustada à exploração da ignorância e da tolice alheias por parte dos enganadores.
    Esses tempos do mundo são tempos de reforma, são tempos em que não ficará pedra sobre pedra, para aproveitarmos a expressão do Nazareno.
    As pessoas estão muito confusas, sem rumo, carregando na mente mil fantasias acerca da própria salvação e das coisas espirituais e seus processamentos. Há criaturas que sonham com um céu fácil. Um céu geográfico, cujos ingressos sejam comprados com espórtulas que garantem acesso tranqüilo à direita do Altíssimo. Outras  criaturas existem que almejam um reino celestial à custa de louvaminhas, de choros teatrais e palavras de ordem, seguidas ao pé da letra.
    Muitas criaturas ainda esperam por um paraíso onde anjos alados façam soar suas trompas e seus alaúdes, em redor das farturas e regalias materiais, que tiveram seu começo e gozo no solo planetário. Céu de vaidades, onde as crenças, ou a garantia de seus nomes de família recitados durante cantilenas e homilias seriam suficientes para abrir-lhes as portas do Reino da Paz. São irmãos da travessia humana iludidos pela boa-fé irrefletida ou pela ignorância piedosa, ou mesmo pela presunção de excepcionalidade, que seguem acreditando que o Criador os ama e prefere aos demais filhos que respiram em outros núcleos e filosofias de fé, ou que ainda, não se vinculam a nenhuma escola teológica.
    Tais almas, portadoras dessas percepções limitadas do amor divino, têm tudo para sofrer engodos que as farão caminhar, de frustração em frustração, até o grande dia do indispensável despertamento.  Acreditam em tudo o que se lhes diga sem qualquer reflexão que as leve ao discernimento. Admitem propostas as mais estranhas e infundadas, como tendo partido de Jesus, sem nenhuma análise cuidadosa. Tantos crêem que o próprio Deus, em carne e ossos, e Maria, a Mãe Augusta de Jesus, venham  à Terra conversar insânias com alguns pouquíssimos eleitos, como crêem que Satanás, idealizado para perturbar e corromper, com poderes semelhantes aos de Deus, esteja à solta no mundo, destruindo a humanidade à revelia de qualquer providência do Altíssimo.
    São tempos de muita ilusão: paralelamente são tempos definidores. Tempos difíceis que, não obstante, logo passarão.
    O pensamento luminar de Jesus Cristo nos premia com o ensino de que o reino dos céus não vem com aparências exteriores porque está no âmago das criaturas. (Lc 17;21). Sem embargo se a fonte da beleza e das nobres estesias se acha no íntimo da alma, a base da perdição, da tormenta e da infelicidade também dentro das criaturas está. O ser humano tanto retira o bem quanto o mal do próprio íntimo, do próprio coração, como nos ensina o Nazareno (Lc 6:45).
    Os que vivem vendendo as notícias de que o Cristo está aqui ou acolá, ou os que afirmam ser Seus interlocutores ou o próprio Cristo, estão com seus dias contados. Primeiro, serão desmascarados pelos seus atos incompatíveis, posto que não suportarão por muito tempo a encenação. Depois, serão tangidos pelo remorso e tragados pela morte, tendo que dar conta à consciência do uso abusivo ou criminoso que hajam feito do nome sublime de Jesus Cristo.
    Jesus Cristo é, pois, Aquele Amigo que nos adverte para que não nos deixemos embair pelas personalidades insensíveis ou enfermas que, falando e agindo em Seu nome, o que pretendem é estabelecer aqui mesmo, no mundo, o seu império material, descrentes que se mostram de qualquer evidência espiritual para além da morte física

Livro: QUEM É O CRISTO? Francisco de Paula Vítor (Espírito). J. Raul Teixeira. Fráter Livros Espíritas. 3ª ed. Niterói, RJ. 2008
Manoel Ataídes Pinheiro de Souza. CEAC – Guaraniaçu – PR. manoelataides@gmail.com
 

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