Os mortos acabam vivos – os homens invisíveis

(Em tudo dai graças, porque esta é a vontade de Deus em Cristo Jesus para convosco. Não elimineis o Espírito. Não desprezeis as profecias. Examinai tudo. Retende o Bem – Paulo I Tessalonicenses, 5:18-21)

 “Estávamos em meia obscuridade, à luz vermelha, quando vi detacar-se da cortina uma figura velada, um tanto baixa como a de minha mãe: Deu a volta completa da mesa até mim, sussurrando palavras que outros ouviram, mas que não pude apanhar, por motivo da minha surdez. Cheio de profunda emoção, supliquei que repetisse e ela disse: – Cesare, fiol mio… – Menos distintamente, isto é, encoberta pela tenda, minha mãe me aparece, beijando-me, em oito sessões sucessivas nas cidades de Milão e Turim.”

                Tais são as palavras de um intelectual da envergadura de César Lombroso, reportando-se às experiências  mediúnicas de materialização com o concurso da notável médium Eusápia Paladino. Aquele cético e célebre criminalista, de cultura invulgar, defronta-se com a sua própria mãe materializada e o seu iceberg interior derrete-´se e se aquele à luz da imortalidade. Apenas uma gota de sol pode transformar todo um gélido continente polar e Lombroso, se bem que escolado na arte da observação científica, podia, doravante, confessar a Ernesto Ciolf: “Sinto-me envergonhado e pesaroso de ter combatido com tanta insistência a possibilidade dos fatos espírita.”…

                A convite do Brigadeiro Ivo Borges, aos ditos trabalhos de materialização, compareceu o Dr. Eliezer Magalhães, irmão de Juracy Magalhães, que prestou o seu depoimento valioso: “Ao assistir, deslumbrado, a materialização de um ser havido como sendo o Dr. Kempler, tive a oportunidade de examinar-lhe o pulso e os batimentos cardíacos, achando-os totalmente diversos dos do médium.”

                O médico, então, estabelece a diferença que encontrou entre o médium e o Espírito materializado: “O médium tinha batimentos claros, enquanto que o Espírito era taquicardíaco, com bulhas pouco audíveis.” E, por fim, aquela prova de que tanto necessitamos: “Tive oportunidade, diz o Dr. Eliezer Magalhães, de verificar bem de perto o médium Golvin em estado cataléptico e, ao lado, o ente materializado chamado Dr. Kempler.”

                Segundo um pesquisador de nomeada, o célebre Harry Price, o lugar mais assombrado da Inglaterra é o priorado de Borley, tão importante, que dele se ocupou, em 1937, uma comissão de investigadores da Universidade de Londres. O próprio prior, ver. A. C. Henning prestou o seu depoimento: “Perfumes que aparecem no ar e de origem absolutamente misteriosa. Livros atirados, louças que somem dos armários e aos mesmos retornam sozinhas; campainhas  que tocam sem qualquer contato humano, mensagens escritas diretamente. Certa vez – conta o prior – foi-lhe atirado um martelo e a esposa foi agredida por um ente sobrenatural, que lhe deixou o olho enegrecido.”…

                Tais fenômenos são designados pela palavra poltergeist e, embora, a primeira vista, pareçam ridículos, são aqueles mais respeitados pelos pesquisadores, pelo fato de serem espontâneos e se verificarem em todas as partes do mundo e nas condições mais inverossímeis e dasafiadoras da lógica.

                Alguns fantasmas provocam fenômenos ditos de parapirogenia, isto é, fogo sobrenatural, incendiando roupas e até mesmo casas, como vimos na sede da Legião Brasileira de Assistência, em Ribeirão Preto… Noutros casos, a pessoa viva, fomentadora  dos distúrbios – médium – acaba por manter intimidade com o fantasma ou, então, constituir-se em alvo dele para as suas mais violentas agressões. É o caso da menina de Jaboticabal, Maria José Gabriel Ferreira, atacada impiedosamente por um ou mais Espíritos turbulentos e maus. Certa ocasião em que era examinada pelo médico e pesquisador, Aurélio Gagliardi, a menina  pediu à misteriosa entidade que fizesse surgir uma laranja e que a mesma batesse  na cabeça do doutor. A laranja surgiu milagrosamente no espaço e com enorme violência bateu, não na cabeça do médico, mas na da própria garota, como a castigá-la pela sua irreverência…

                É fácil estabelecer um foco produtor do fenômeno, como o da menina, em questão, mas só o Espiritismo vai mais longe para justificar de que forma ela pede uma laranja e a laranja não a obedece e, pelo contrário, a castiga…

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