VIAJOR DO INFINITO

Quando funcionando com saúde, o corpo é constituído de equipamentos harmônicos que contribuem com parcelas exatas a fim de que a ordem se encarregue de preservar-lhe a estrutura.

                Não obstante organizado para um ministério de curto prazo, a sua efemeridade abre-lhe ensejo para as transformações a que está sujeito pela própria condição de instrumentos e não de causa.

                À semelhança de uma orquestra sinfônica, todos os componentes cooperam com eficiência para a sublimidade das melodias que devem executar.

                A sua morte decorre da violência que lhe irrompe nos diversos departamentos, sob a invasão microbiana deletéria que procede de inumeráveis fatores, oriundos da inarmonia, dos traumatismos ou da debilidade das funções que se desconcertam, gerando problemas que lhe facultam a degeneração.

                Podemos afirmar que a saúde é atendida pelas virtudes que a irrigam de energias vitalizadoras para  as suas funções, enquanto o desajuste é efeito da predominância do erro, antes chamado pecado, que lhe envilece as fibras e desarticula os mecanismos delicados responsáveis pela sua manutenção.

                Certamente que há exceções respeitáveis a considerar.

                A ingestão emocional dos vapores morbíficos desses erros, ou violências contra seus equipamentos, encarrega-se      de perturbar-lhe as elevadas funções, favorecendo as transformações que apressam o estado de cadaverização em que se consome e altera…

                O clima idealista superior fortalece-lhe os arquipélagos celulares, contribuindo para a sustentação das finalidades a que se destina.

                Da mesma forma, a vida do espírito depende da vitalidade dos pensamentos que são elaborados e mantidos. Quando positivos, produzem energias que percorrem os seus campos vitais e preservam-lhe as forças que devem ser aplicadas em favor das metas eternas que persegue. Se, por outro lado, irradia vibrações mentais destrutivas, desajusta-se, entorpecendo os núcleos vitais e passando a um estado de morte, que lhe constitui lamentável quão desnecessário padecimento, que somente supera à imposição de reencarnações aflitivas, ao largo do tempo.

                Dínamo gerador de força para a movimentação do corpo, o espírito é o agente da vida pensante, que permanece o mesmo, quando se alteram e transformam os mecanismos da organização fisiológica.

                O corpo reflete as ocorrências do ser espiritual que o comanda. Conscientizar-se, deve o homem, da transitoriedade de um, como da perenidade do outro, abrindo espaço para a reflexão ponderada sobre a vida e alta significação da sua atual presença na Terra no veículo físico.

                Fadado à felicidade, à perfeição que lhe será uma plenitude dinâmica, pode realizar o cometimento de um só jato, empenhando a vontade e o esforço ou demorando-se nas incoerentes experiências do erro e do acerto, das provas e expiações que o depuram, não se podendo evadir, porém, dessa destinação gloriosa que é a própria vida estuante, em cujo oceano se encontra mergulhado.

                O espírito é, pois, a fonte da vida, e o corpo é-lhe o instrumento de temporária manifestação no mundo sensorial.

                Aquele passa e vive sem o último, o mesmo não ocorrendo com este, sem a presença do outro.

                Mergulhando o pensamento nas reflexões e análises da sua existência, dar-se-á conta, o homem lúcido, que tudo deve empenhar a fim de crescer intimamente e conquistar os ideais que, por enquanto, apenas  fulgem na área dos sentimentos, engrandecendo-se com as sublimes claridades do conhecimento, sob a sustentação santificante do amor.

                O corpo – esse conjunto de vidas a serviço da vida – merece respeito e zelo, dedicação e cuidados, de modo que tenha prolongados os seus dias de realização, vitalizado com as emanações do bem, a fluir incessantemente da usina mental que sedia o espírito este viajor do tempo que ruma na direção do Infinito.

Livro REFLEXÕES ESPÍRITAS. Vianna de Carvalho (Espírito). Psic. De Divaldo Pereira Franco. LEAL – Livraria Espírita Alvorada. Salvador – BA. 1ª Ed. 1992.

Manoel Ataídes Pinheiro de Souza – CEAC – Guaraniaçu – PR – manoelataides@gmail.com