Caro leitor, com esse friozinho nada melhor do que filme e pipoca, certo? Hoje pela enésima vez fiz isso com minha filha. Assistimos o filme “Click” (2006) estrelado pelo ator Adam Sandler. Nele, Sandler interpreta um arquiteto com excesso de trabalho que negligencia sua família. Numa situação bem atípica, ele ganha um controle remoto universal que lhe permite “avançar” através de partes desagradáveis ou totalmente sem graça de sua vida. Descobre no entanto, que aqueles aparentemente maus bocados continham partes vitais de lições da vida.
Pensando aqui, percebi que muitas vezes ouvi relatos das pessoas que gostariam de uma ferramenta mágica, que permitisse ganhar tempo para trabalhar mais ou pular algumas etapas de suas vidas para evitar situações que, em outras oportunidades, causaram sofrimento. Algumas chegam até o consultório buscando eliminar sentimentos ruins.
Portanto, convido-os a refletir: O que seria da nossa vida se não existissem lembranças? De onde viriam os aprendizados? Como seria o futuro se no passado os momentos de desafio tivessem sido “avançados”?
Acho que, como no filme, quando deixamos de viver etapas e sentimentos da vida perdemos algo precioso: o vínculo, etimologicamente, aquilo que nos liga ao outro. Perdemos a cumplicidade da família e dos amigos, aquela que se constrói em momentos de dificuldade. E nem todos os momentos de felicidade, podem ser comprados com o dinheiro das horas extras de trabalho.
Somos responsáveis por nossas escolhas. Não existem soluções mágicas como no cinema. O que existe é a construção de realidades onde as emoções devem ser conhecidas e aceitas, o passado não pode ser mudado mais pode ser compreendido, o presente pode ser mais leve e prazeroso através do autoconhecimento e o futuro é assunto para próximas conversas….