A agricultura inclusiva

Originada há cerca de 12 mil anos atrás, a agricultura foi determinante na mudança de vida do homem neolítico, que pôde passar a desenvolver uma vida mais sedentária em lugar ao nomadismo habitual. Ainda, o excesso de produção agrícola poderia ser armazenado para uso futuro ou usado como moeda de troca por produtos ou serviços de interesse.
Num Brasil que já ultrapassou as 210 milhões de bocas para alimentar, já não há mais espaço para dualismos e apropriações oportunistas de políticas e ideologias, que estabelecem privilégios para os setores os quais defendem, deixando de lado o mais importante, a segurança alimentar.
No meio dessa gangorra dos extremos, o budismo traz a expressão “O Caminho do Meio”, a qual leva esse nome por estar baseada na moderação e harmonia, sem pender para rigores excessivos ou extremismo. Segundo esse entendimento, todas as dualidades aparentes do mundo são ilusórias, o que nos leva à libertação.
Adotando essa visão mais humana, é perfeitamente possível estabelecermos um diálogo social de união em torno de dois pontos em comum, o ser humano e o meio ambiente. Podemos concordar, assim como podemos concordar que discordamos, e podemos produzir com qualidade e respeito em torno desses 2 pontos. As diferenças importam e com elas podemos aprender e crescer.
Uma agricultura inclusiva, ao contrário do que vem sendo praticado, leva em conta o diálogo constante e a vocação de cada uma das partes envolvidas, feita de todos para todos. Para tanto, precisamos transcender identidades políticas e ideológicas que nos impuseram e a que nos adaptamos, rumo a uma visão sistêmica de uma só agricultura.