Dicionário Irrefletido

Abacate com açúcar – É considerado a fruta mais doce do Brasil.

Academia – Organização fundada, dizem, por Platão e seus amiguinhos filósofos, quando encontraram um jardim de (Academus, claro) onde podiam ensinar, sobretudo a garotada, altas ideias, e gostosas marginalidades.

Ano – Trezentos e sessenta e cinco dias. E seis horas de bandeja

Crase – A crase não foi feita para humilhar ninguém (Ferreira Gullar). A crase não existe no Brasil. É uma invenção de gramáticos. Nunca ouvimos ninguém falando com crase.

Descrente – Indivíduo que crê plenamente na descrença.

Especialista – O que sabe cada vez mais sobre cada vez mais sobre cada vez menos e com a descoberta da monociência, infinitamente menos sobre infinitamente mais.

Fé – Está bem que você acredite em Deus. Mas vai armado.

História – Uma coisa que não aconteceu contada por alguém que não estava lá.

Ideologia – Bitola estreita para orientar o pensamento. Não existe pensador católico. Não existe pensador marxista. Existe pensador. Preso a nada. Pensa a todo risco. A ideologia leva à idolatria, à leitura e adoração de mitos. E, finalmente, ao banquete ideológico.

Justiça – Sistema de leis legalizando a injustiça.

Lapidar – Verbo antigamente usado para atirar pedras em mulheres adúlteras. Hoje desmoralizado no Ocidente como punição, serve como prêmio e alto elogio, teu artigo, escritor, é lapidado. Também usado nos cemitérios (nas lapides) para elogios fúnebres. Não há canalhas nos cemitérios.

Medida – Todo homem nasce duas doses abaixo do normal (Humphrey Bogart)

Pão – O pão que o Diabo amassou. Expressão incompreensível pois em nenhum lugar da Bíblia ou da história se diz que o Diabo era padeiro.

Propaganda – A madrasta da prostituição.

Televisão – Maravilha tecnológica que leva ao extremo o barateamento da popularidade.

Medicamentos

Um dado para quem costuma relacionar felicidade financeira com satisfação sexual: em 2007, um ano em que o Brasil cresceu quase 5%, caiu o mercado de medicamentos para impotência ou disfunção erétil, na linguagem politicamente correta. Ou seja, com mais dinheiro no bolso, o brasileiro recorreu menos aos viagras da vida.

Marina Silva

Enquanto era Ministra do Meio Ambiente e defendia o ensino do criacionismo, o desmatamento na Amazônia batia recordes. Quando o desmatamento caía, era obra do ministério eficiente. Quando aumentava, era culpa do preço do boi e da soja. Eram as bravatas principais de Marina Silva. A ministra ainda informava o público de que a floresta estava ficando em pé porque o Ministério do Meio Ambiente implementava políticas públicas na direção correta e não porque o boi e a soja estavam baratos, o que certamente desestimulava sojicultora e pecuaristas de comer um pedaço de floresta. Quando veio o anúncio de que o desmatamento havia aumentado, adivinhem o que a ministra disse: a culpa é do boi e da soja. Portanto, quando aumenta, é culpa do preço do boi e da soja. Era óbvio que o boi e soja não esclareciam tudo. Não eram os únicos responsáveis por derrubar árvores ou mantê-las em pé. Havia outras causa para um resultado positivo ou negativo. O discurso da ex-ministra escondia e distorcia a realidade, desviando para o que mais lhe convinha. A ex-ministra Marina Silva, sempre fala baixo, tem saúde frágil, e uma biografia admirável. Era analfabeta até os 17 anos. Aos 26 estava formada em história. Já ganhou prêmios internacionais e sempre foi elogiada pela imprensa. Mas seus diagnósticos dolorosamente temerários. Marina Silva estava muito bem assessorada em assuntos evangélicos, tendo sempre por perto alguém para lhe estender a Bíblia a qualquer hora, a ponto de confundir o estado laico com sua fé. Só faltava se cercar de assessores que sabiam cuidar do Meio Ambiente. As bravatas servidas com carne de gado ao molho de soja, só produziram vexame.

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