Mentes atormentadas

Na aventura da humanidade, há momentos que marcam gerações, dada a força das tragédias. Foi assim, por exemplo, nas duas grandes guerras do século XX. Foi assim na crise econômica de 1929 – cuja dor está tristemente traduzida na fotografia de uma mãe imigrante, desempregada e viúva, cujo olhar abarca a um só tempo a desesperança e o pânico de toda uma geração. Os períodos inflacionários, pelos quais o Brasil passou de modo atávico, até que o Plano Real mudasse o torto destino do país, também aceleram a depressão da sociedade. E as pandemias como a da gripe espanhola, entre 1918 e 1920, e a atual, atrelada à Covid-19, nem é preciso sublinhar, representam igualmente travessias complicadas. Um bom exercício, passada a tempestade, é medir as sequelas e, com o otimismo possível, construir saídas.

Nunca esqueceremos dos mais de 6,5 milhões de mortes desde março de 2020 mais de 10% das quais no Brasil (Entre eles, um filho de quem aqui escreve) uma estatística vergonhosa, mas é o caso de respirar com um pouco de alívio. Agora depois de mais de dois anos de quarentena e afastamento social, de freada econômica e desemprego, parece haver um ensaio para a retomada da vida em seu ritmo normal. Em parte, é claro.

Setores econômicos inteiros precisam ainda se reinventar. São reviravoltas que mexem com corações e mentes, registrados até aqui. A crise, é natural, mexeu também o bolso, tirando o sono de muita gente. E não há dúvida, as pessoas são categóricas em afirmar que o dinheiro tem um profundo impacto no atual patamar de estresse.

Mas o Brasil precisa crescer, empregos precisam ser gerados, mas será que nas últimas eleições escolhemos as pessoas certas?

Os ecos dessa difícil passagem da nossa vida permanecerá ainda durante uns anos. E não apenas nas nossas mentes.