1. Aprovar a reforma da previdência e o pacote anticrime é essencial para a sobrevivência do país. Se o Congresso Nacional rejeitar ou descaracterizar esses projetos, o destino do Brasil será o abismo. E não seremos nós as principais vítimas de tamanha irresponsabilidade, mas os nossos filhos e netos. Há outras medidas importantes a implantar com urgência – como o plano nacional de alfabetização – mas o combate à falência do Estado e ao reinado do crime são a fonte de todas as prioridades. O que dirão de nós nossos filhos quando legarmos a eles um país falido, refém e analfabeto?
2. Quando os chefões da velha política – em Brasília ou na mídia – dizem que falta articulação ao atual governo, é preciso entender o que está por trás dessa palavrinha. Não faltou articulação, por exemplo, quando Fernando Henrique Cardoso aprovou a emenda da reeleição presidencial e deixou esse belíssimo legado para o nosso país. Não faltou articulação quando José Dirceu e seus companheiros criaram o Mensalão para domesticar partidos da base alugada já no primeiro governo Lula. Não faltou articulação quando, ainda sendo julgados pelo Mensalão, os mesmos personagens conceberam e puseram em funcionamento o Petrolão, possivelmente o maior esquema de corrupção da história da humanidade. É isso mesmo que vocês entenderam: articulação, meus sete amigos, não passa de um nome malandro para corrupção.
3. Ficar velho é interessante porque a gente lembra muita coisa. Eu me lembro, vejam só, que a principal corrente interna do PT – onde militavam Lula, José Dirceu, Palocci e muitos outros – chamava-se Articulação! Depois, passou a ser conhecida como Campo Majoritário. Era o velho e bom centralismo democrático em ação no Brasil. Afinal, faz 29 anos que Lula visitou a Alemanha, depois da queda do Muro de Berlim, e prometeu recuperar na América Latina o que a esquerda havia perdido no Leste Europeu. Por um tempo conseguiu. Só faltou combinar com a Lava Jato.
4. A guerra entre a Nova Era e a Velha Política está em curso. De um lado, o estamento: aqueles que insistem em chafurdar na velha lama de sempre, por serem incapazes de sobreviver em outro ecossistema. De outro lado o movimento: aqueles que conhecem a gravidade da situação e se negam a fazer o mesmo jogo que deu origem à reeleição, ao Mensalão e ao Petrolão. A maioria esmagadora do povo brasileiro escolheu o movimento, não o estamento. E do resultado desse conflito depende o nosso destino como país.
5. Repetirei quantas vezes for necessário: Bolsonaro não foi eleito para entrar no velho jogo. Até quando Brasília vai dar as costas ao Brasil? Até quando a articulação será sinônimo da divisão do butim entre as hienas e abutres do establishment? Até quando essa chantagem monstruosa continuará sendo feita contra o povo brasileiro?
Obs. Texto do jornalista Paulo Briguet publicado na coluna Avenida Paraná – Jornal Folha de Londrina – edição de 26 de março de 2019.