Padre Chagas/ parte 2

Os índios caingangues obedeciam ao Cacique (Pai-bang) que era o chefe supremo; ao Pajé, o chefe religioso, que era ao mesmo tempo um feiticeiro que expulsava os males e curava as doenças; ao Conselho dos Anciões, pois os velhos eram amparados e respeitados, não só por obrigação de parentesco, mas principalmente pelas lições de vida, adquiridos ao longo dos anos. A eles cabia educar as crianças e os jovens, transmitindo-lhes a experiência vivida, a religião e a história da tribo, através das lendas, dos contos, das fábulas.

Não tinham escolas, mas as crianças aprendiam escutando os mais velhos vendo os adultos trabalharem e imitando os seus exemplos. Os índios caingangues alimentavam-se de caça, pesca, raízes, mel, frutas silvestres, larvas, palmitos e das plantações de milho, mandioca, abóbora e feijão. O fruto preferido era o pinhão. Consideravam a terra como uma mão que alimenta os filhos, por isso não poluía a natureza. Para ensinar às crianças que o ar, a água, o sol, a chuva pertencem as todos, e que não se deve destruir a mata, as aves, os animais, por serem obras de Deus e não dos homens, inventavam muitas lendas, contos e fábulas. Um grande pássaro disfarçado de gralha branca, roubou uma brasa quase apagada e levou-a no bico, provocou um incêndio nas florestas, que se transformaram nos campos da Palmas, Guarapuava e Ponta Grossa.
Os índios de todas as partes levaram lições e jamais deixaram apagar o fogo. Os índios destas regiões, por habitarem uma região de invernos rigorosos valorizavam muito o calor do fogo. Quando a tribo partia para as guerras ou viagens distantes, sempre ficava alguém para conservar o fogo aceso.
Você já se imaginou nu nas manhãs de geadas?
Pois era assim que viviam as crianças caingangues. Para se aquecerem tinham apenas o calor do sol ou do fogo. Pai, mãe e filhos dormiam com os pés ovetados para o fogo formando uma roda, deitados sobre folha de milho ou peles de lobo guará. As crianças pintavam-se com barro. A índia camé era bonita e faceira; tinha o costume do banho diário, perfumava-se com as folhas aromáticas que esfregava no corpo, engraxava os cabelos para conservá-los penteados. Por isso, entre outras, foi a causa mais comum das inúmeras guerras entre camés, votorões e cayeres (dorins). Estes tinham o costume de roubar as mulheres e meninas dos camés, que se aliavam aos votorões e muitas vezes foram atacar os dorins em seus esconderijos, os quais revidavam o ataque. Em 1818, os dorins derrotaram os votorões e o seu valente cacique Candoy morreu inconformado com a derrota. Em 1825, incendiaram e destruíram completamente o Aldeamento do Atalaia.

 

Dos índios ainda herdáramos a cura de muitas doenças pelo poder medicinal das plantas. O artesanato de cestaria com fibras naturais como o taguara, os cipós, a criciúma etc. Inúmeros nomes próprios: Guarapuava, Candói, Iguaçú, Guará, Guairacá, Covó, Chopim, Xapecó etc.

(Dados da professora Gracita Gruber Marcondes.)

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