Já falei sobre ele aqui nessa coluna, mas ele voltou a todo o vapor nesse dezembro primaveril, depois de quase dois anos de desaparecido. No início de 2020 pouco nos importamos com sua ausência, porém, à medida que o tempo passava, começamos a querer o seu retorno. Por inúmeras vezes, soluçamos em sua busca, no entanto, ele mantinha-se distante e saudoso.
Ele é, sem dúvida alguma, o grande companheiro que acolhe, que protege, que conecta, que conforta, que aproxima, que envolve, que provoca borboletas no estômago e brilho no olhar, mas também, quando indesejado provoca repulsa.
Ele está presente na chegada e na partida, ao nascer e ao morrer, na acolhida e, mais ainda, nas despedidas! Pode gerar um conflito, mas também, solucionar todos os problemas.
Silencioso, ou barulhento; lento ou rápido; permitido e publicável, ou proibido em publicável isso é o que menos importa. O que importa é a sensação que gera, o grau de pertencimento que exprime, a importância que proporciona!
Ele está em todos os lugares: da maternidade ao cemitério; na igreja, provocando a cura -pelo menos era isso que deveria acontecer- e na balada, muitas vezes, levando a perdição-nem sempre!
Este desaparecido quase foi extinto em tempos de pandemia. Precisou recolher-se aos ambientes mais íntimos e secretos. Porém, nesse dezembro primaveril a sensação que temos, depois de tanto tempo longe de nossa rotina, é de estar cometendo um pecado ao recebê-lo novamente.
Certamente, só sobreviveu, porque foi cuidado e protegido pelas mães que jamais deixariam que ele morresse; foi imensamente desejado por aqueles que estavam distantes; foi alimentado pelos amigos no mais íntimo e secreto momentos; foi compartilhado pelos amantes nos encontros da aquecida madrugada; foi entregue no olhar daqueles que se aproximavam, sem poder tocarem-se; foi muito desejado nas inúmeras despedidas que tivemos ao longo desses infinitos dois anos.
Nesse desejo guardado, no mais íntimo do coração, chegou o momento de transbordar e nada melhor que um dezembro primaveril para isso nas inúmeras formaturas que teremos e comemorações familiares que nos aguardam, nos reencontros possíveis nesse momento. Sim, ele foi guardado para o momento mais precioso de nossas vidas.
Ele já não é mais o mesmo, transformou-se, subiu de patamar e só será distribuído àqueles que, realmente, esperam ansiosos por ele. Ficamos mais seletivos e guardamos aos que amamos a possibilidade de entregá-lo. Não foi totalmente liberado e, às vezes, quebramos os protocolos, mas depois de tanto quebrarmos o nosso coração merecemos essa recompensa!
Mas quem é ele? Ele é o abraço, o qual guardamos por longos meses…
Guardamos para os amigos o grande abraço camarada;
Para os amores juvenis, guardamos aquele abraço lento que toca a cintura e envolve o pescoço despertando um turbilhão de sentimentos;
Para os nossos parças guardamos aquele abraço parceiro, ou meio abraço tocando somente o ombro mostrando a nossa conexão, dando o recado: “estamos juntos”!
E o abraço de urso… que delícia que é esse abraço! Ele que demonstra nossa saudade, o nosso carinho, que acolhe tanto na alegria, como na tristeza. É o abraço mais protetor que poderíamos dar, ou receber.
O que dizer do abraço olhando olho no olho que demonstra a saudade e o envolvimento desnudando a nossa alma! Ah, esses abraços são guardados somente para aqueles que se conectaram pelo coração!
Existem tantos outros tipos de abraços que seria impossível mencioná-los nestas poucas linhas!
Como estivemos carente de você, Abraço! Seja bem-vindo, novamente, neste dezembro primaveril!