Universidades estaduais integram rede para impulsionar produção de morangos no País

Pesquisadores da Universidade Estadual de Londrina (UEL) e da Universidade Estadual do Centro-Oeste (Unicentro) pretendem, por meio de um projeto de melhoramento genético, fomentar a produção de morangos no Brasil, desenvolvendo cultivares com potencial produtivo e de fácil adaptação em diferentes regiões do País.

O trabalho dos pesquisadores paranaenses deu origem à Rede Morangos do Brasil, que hoje conta com cerca de 50 pesquisadores e bolsistas ligados às duas universidades estaduais e institutos de pesquisa nacionais, que estudam melhorias para avanços na cadeia produtiva do morangueiro, visando à diminuição de custos e o aumento da produção e da qualidade de frutos.

“O morango é cultivado em mais de 150 municípios, sendo a principal fonte de renda de cerca de 30 mil famílias. Com a rede, queremos aumentar a rentabilidade do produto, melhorar a qualidade de vida dos pequenos agricultores, sempre valorizando a sustentabilidade, visando à disponibilização de um produto saudável para a mesa do consumidor”, diz o professor de Horticultura da UEL, Juliano Tadeu Vilela de Resende.

A iniciativa tem investimento anual de R$ 600 mil realizado pela Superintendência Geral de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, por meio da Unidade Gestora do Fundo Paraná (UGF). O recurso é utilizado na implementação de infraestruturas como casas de vegetação, câmaras frias, veículos, equipamentos de alta tecnologia e utensílios laboratoriais.

“O valor que vamos investir no projeto será importante para que a UEL e a Unicentro, instituições que são referências nacionais no melhoramento genético da cultura, possam lançar, até 2023, as primeiras cultivares de morango genuinamente brasileiras, depois 30 anos”, destaca o superintendente da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Aldo Bona.

Produção nacional

Os estados de Minas Gerais, Paraná, São Paulo, Espírito Santo e Santa Catarina respondem por cerca de 80% da produção de morangos no País. Estima-se que a área plantada é de aproximadamente 6 mil hectares, com produção total de cerca de 200 mil toneladas anuais.

Para o pesquisador da Unicentro Paulo Roberto da Silva, a rede será um divisor de águas na pesquisa do morango no Brasil. “Hoje encontramos poucos estudos relacionados ao manejo e adaptação de cultivares em diferentes regiões do País. Nosso objetivo é fortalecer, em um período de três anos, a cadeia produtiva de pequenos agricultores com pesquisas de ponta”.

Produção e qualidade

Cultivares são espécies de plantas que passaram por processo de melhoramento genético, realizado por pesquisadores. Elas se distinguem das outras variedades da mesma espécie por apresentar maior produção, qualidade e melhor adaptação ao clima da região. Atualmente, o Brasil é dependente de cultivares desenvolvidas em outros países, pagando royalties por elas.

O País também passa por um processo de estagnação dos programas de melhoramento genético, criando uma dependência dos agricultores em cultivares importadas de países como o Chile e Argentina. Com isso, o Brasil não lança uma cultivar de morango há mais de 30 anos.

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