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O oitavo bilionésimo ser-humano

Somos oito bilhões de sapiens; Chaplin olhou para o povaréu e cravou: “A multidão é um monstro sem cabeça”.

Não se sabe ao certo quem rodou o planeta para contar todo mundo e chegar a um número preciso. Fato é que em 15 de novembro último, se fez ouvir o choro do sapiens de número 8 bilhões, segundo a ONU. Podemos ler esse número de muitas formas:
A) O incomodado vê 7,99 bilhões de vizinhos potencialmente barulhentos e ranzinzas;
B) O empreendedor globalista enxerga bilhões de clientes em potencial;
C) O ambientalista percebe milhões de toneladas de excrementos poluindo o planeta;
D) O devoto crê num velhinho barbudo sentado sobre uma nuvem encontrando tempo de protegê-lo do infortúnio, apesar da imensa clientela que suplica simultaneamente os mesmos cuidados;
F) O ressentido percebe que não passa de apenas mais um entre 8.000.000.000 embora poste todo santo dia um story no Instagram batalhando um lugar ao sol na multidão de ególatras.


Que tal tocar Raul para celebrar a chegada do oitavo bilionésimo?
“É você olhar no espelho / se sentir um grandessíssimo idiota / saber que é humano, ridículo, limitado / que só usa dez por cento de sua cabeça animal…”
Afinal, quem conta os viventes? Os 8 bi são uma projeção da ONU. Mas sites como o worldometers trazem em tempo real a dança dos sapiens sobre o planeta azul.
Se o portal estiver certo, é possível perceber que “sobem” cerca de 170 mil sapiens por dia, mas o “rebanho” é reposto pelo nascimento de mais de 350 mil bebês a cada 24 horas.
Ou seja, não será por falta de parceiros que você será um solitário, embora seja conveniente resgatar uma frase atribuída a Chaplin: “A multidão é um monstro sem cabeça”.