Numa povoação do interior, que estava sendo dizimada pelo tifo, foi atacado pela moléstia também o Zé Serralheiro. Sua mulher chamou às pressas um desses curandeiros e este depois de alertar a família de que o doente estava em perigo, deu umas receitas e se retirou. No dia seguinte, ele voltou à casa do enfermo e perguntou à mulher:
- Como está o doente?
- Ai! Senhor – enquanto eu estava na farmácia à espera do medicamento que mecê receitou, o Zé se levantou e comeu dois arenques salgados e um prato de salada…
- Que loucura! Então mor…
- Não senhor! Salvou-se! Já está na oficina trabalhando…
- Coisa curiosa, exclamou o curandeiro. Que grande descoberta contra a febre tifóide! E abrindo a sua carteira, escreveu: Febre tifóide, remédio infalível: dois arenques salgados e um prato de salada!
Dois dias depois foi um carpinteiro atacado pela mesma moléstia. - Meu amigo, diz-lhe o curandeiro, é necessário que coma imediatamente dois arenques salgados e um prato de salada. Amanhã voltarei para ver o efeito do remédio.
O carpinteiro comeu e passou desta para outra melhor.
O “doutor” ficou com a cara no chão. Mas para não se esquecer de tão boa lição, escreveu ao lado da nota, que tinha feito na véspera em sua caderneta:
“Febre tifóide. Remédio: arenques salgados e salada, bom para serralheiro, ruim para carpinteiro!”…
Os bons homens já morreram
O ex-senador Pedro Simon ainda vive e é um iluminado. Fundador do MDB, participou da oposição à ditadura militar, cerrou fileiras pelas Diretas Já, e foi um dos protagonistas da ofensiva que resultou no impeachment do então presidente Fernando Collor. Com mais de meio século de vida pública, esse gaúcho de Caxias do Sul têm motivos de sobra para festejar a atividade política. Mas ele não vê razões para celebrar. Simon é hoje um retrato acabado do desânimo com a classe política com o fisiologismo que governa a relação entre o Poder Executivo e o Congresso. O desalento só é deixado de lado quando o ex-senador fala de mobilização popular como derradeira esperança para mudar as regras do jogo. E continua Simon, “antigamente, colocavam-se no ministério os melhores nomes do Parlamento. Hoje, o ministério consegue ser pior do que a média do próprio Parlamento, que beira a mediocridade. As instituições foram vulgarizadas, principalmente no governo do PT.
Hoje com 94 anos, Pedro Simon se recorda dos bons homens que estiveram no governo e que se foram: Ulysses Guimarães, Tancredo Neves, Teotônio Vilela, Miguel Arraes, Mário Covas. Se esses tivessem ficado e outros tivessem morrido, o Brasil seria diferente.
O MDB, o partido que ajudou a fundar, deixou passar vários trens da história. O pior que aconteceu para o partido em 1985, foi a morte de Tancredo Neves. Nosso acordo não previa a morte do Tancredo. Ele morre e deixa o Sarley. Ali nosso destino mudou para pior. Todos os governadores, com exceção do de Sergipe, eram do nosso partido, tínhamos a maioria na Câmara e no Senado. Era uma grande oportunidade. Com o José Sarney mudou tudo. Me convideram até a sair do partido. Eu disse que não ia sair, porque eles estavam de intrusos e eu fundei o partido.