Visitando a Polônia

(Afonso Wobeto, jornalista jesuíta)

Varsóvia, a capital da Polônia, é uma cidade bastante plana e muito verde, principalmente fora do centro histórico. Poderia ser chamada Cidade Ecológica. Muitas árvores pelas ruas, grandes parques para caminhadas. Altas árvores em meio a prédios e edifícios de 12 e 14 andares e árvores ainda mais altas.

Muito interessante é o centro história que, durante a 2ª guerra mundial, foi totalmente destruído pelos nazistas e, em oito anos, foi todo reconstruído no mesmo estilo de antes. Por todas as partes, em meio aos prédios e casas comerciais, se podem ver torres e cúpulas de igrejas, conventos, casas religiosas e mosteiros, o que reflete o espírito religioso e a fé do povo polonês.

Um dia me levaram ao Santuário da Nossa Senhora de Jasna Góra (Monte Claro). O Santuário está ao lado do Convento de Jasna Góra, fundado em 1382, e confiado aos padres palatinos. É um Santuário pequeno, mas muito bonito, principalmente no interior, com belas ilustrações. O milagroso quadro da Madona Negra se encontra em uma capela própria, sempre cheia de peregrinos e devotos de todas as partes do mundo. Mais de 6 milhões de peregrinos visitam o Santuário todos os anos. No dia em que estive lá, havia um grupo de peregrinos do Brasil. O quadro milagroso de Nossa Senhora Negra se encontra atrás do altar, no alto, e os peregrinos fazem fila para tocar na imagem, para fazer pedidos e agradecer graças alcançadas. Muito caminham de joelhos, em sinal de devoção.

O território onde estão localizados o Convento e o Santuário está delimitado por muros e valetas, quase igual a um pequeno vaticano. A imagem de Nossa Senhora Jarna Góra representa a Mãe de Deus, em meio busto, com o Menino Jesus nos braços. O quadro cujas dimensões são de 121,8x 81,3 cm., representa Nossa Senhora como aquela que mostra o caminho da salvação, a guia que conduz a humanidade a Cristo.

Segundo informações do Santuário, provavelmente a imagem, um ícone bizantino, foi pintada na segunda metade do século XII sobre uma tela colada num pedaço de lenha. Nossa Senhora de Czestochowa é também conhecida como a Madona Negra, por sua cor escura. Atualmente ela apresenta essa cor devido à fuligem de velas acesas em seu louvor durante séculos.

Nos anos de 1430-1434, na corte do rei Ladislau de Cracóvia, o quadro foi profundamente renovado. A restauração foi necessária por causa de ladrões que queriam roubar o quadro e não conseguiram, mas o profanaram, prejudicando-o com instrumentos pontiagudos. Os traços e riscos, na face direita de Madona, são as provas simbólicas dessa profanação.

Outro episódio histórico aconteceu em 1655. Os suecos invadiram a Polônia e, entre outras coisas, quiseram entrar no Convento e no Santuário de Czestochowa para se apoderar dos pretensos tesouros oferecidos em honra ao quadro milagroso. Eram 15000 suecos contra alguns soldados, suas famílias e alguns frades. Até canhões foram usados contra o convento, mas a resistência continuava implacável. Os defensores do Santuário confiavam na proteção da Madona e faziam procissões rezando e cantando, mesmo durante os ataques. A ofensiva durou 40 dias, até que os suecos reconheceram que estavam lutando contra forças sobrenaturais e se retiraram sem levar nada. Em 1656, em sinal de gratidão pela defesa do quadro, do Santuário e da Pátria, o rei João Casimiro, proclamou a Madona de Jasna Góra, Rainha da Polônia. Alguns desses canhões ainda estão expostos no pátio do Santuário.

Desde então, Jasna Góra se torno um trono vitorioso da Rainha, Mãe de Deus, e lugar onde são levados os problemas individuais, familiares e nacionais. Ali, o Papa São Paulo II confiou a sua missão papal com o famoso dito: Totus tuus – Todo teu, oh Maria!

 

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