Todos nós em algum momento da vida já presenciamos uma disputa, uma enorme desavença entre irmãos, viúvos, parentes, no momento de uma partilha. E já presenciamos também que muitos herdeiros fazem bom uso desse presente, progridem e multiplicam o que receberam. Já outros num piscar de olho perdem tudo, ficam numa miséria impressionante.
Bert Hellinger, filósofo alemão e desenvolvedor das Constelações Familiares, afirma que se recebemos algo seja de uma herança, de uma partilha no divórcio, divisão de uma sociedade, doação ou até premio em loteria, será somente com muita gratidão, respeito e vontade de fazer crescer o patrimônio que conseguirá ver a prosperidade florescer na “horta” de cada um.
Vocês leitores podem perguntar: Mas está na lei esse Direito de receber, mas muitas vezes, essa letra fria da lei não traz consigo todas essas questões enraizadas nas nossas famílias, como estamos preparados para o “recebimento” e o que faremos com isso, por isso, o Direito Sistêmico, pode aprofundar os temas jurídicos com uma visão nova e até filosófica também e com isso, auxiliar as pessoas no entendimento e facilitar esse recebimento, ou doação, dependendo que lado estiver, e ser uma nova forma de solução de conflitos jurídicos, mesmo judiciais, pois não significa e nem é sinônimo de “Sistêmico” ser apenas “Extrajudicial ou Conciliatório”, pode ser judicial sim, mas de forma mais harmônica, onde cada uma das partes amplia o olhar para a outra.
Vamos citar a seguir três pensamentos de Bert Hellinger para vocês melhor entender o universo da herança:
“1 – Quem olha para uma herança espera a morte de alguém. Aqueles herdeiros que olham para a herança de pessoa viva desejam secretamente a morte dos pais. Como que alguém pode se beneficiar da morte de alguém?
2 – Muitos daqueles que vivem por uma herança se tornam mendigos.
3 – Quando não vista como um presente, a herança é maldição”.
Pode parecer estranho, mas segundo Bert Hellinger, a herança não pertence a ninguém. Filhos são eternos devedores e não são donos da herança. Quando a herança é exigida, congela a vida.
Quem é o autor da herança? Quem a construiu?
É um tema de alta complexidade, pois a visão sistêmica da herança é diferente da lei, que a vê como um direito.
Muitos daqueles que a esperam deixam de se dedicar ao trabalho, vivem uma estagnação. Muitos a recebem como um grande peso e ficam obrigados a fazer determinado movimento, um exemplo são os herdeiros de uma empresa.
A pessoa que recebe a herança com gratidão, como um presente e não como um direito, prospera com o que recebeu, ou seja, a postura com que se recebe esses bens faz toda a diferença para os descendentes. Não é aquilo que foi deixado, mas a forma como nós lidamos com o que foi deixado.
A herança precisa ser gasta de forma a contribuir com a vida, quanto mais se partilha, mais prospera. É preciso aceitar o que vier com gratidão e o que não vier soltar.
O que se observa nos inventários é o desrespeito da hierarquia. O cônjuge sobrevivente não é consultado quanto às decisões a serem tomadas, ou o filho mais novo toma as decisões a revelia dos mais velhos, esta situação gera emaranhamentos. O processo fica estagnado, assoberbando o Judiciário. Outra situação interessante é quando o processo de inventário fica parado por anos, e surgem herdeiros não reconhecidos, por exemplo, um filho fora do casamento, então o processo retoma seu andamento.
É a “alma” do sistema familiar incluindo os excluídos. Esse novo olhar sobre o direito e a herança, na visão sistêmica, é a mensagem natalina que almejamos com este artigo.
FELIZ NATAL. EQUIPE SOUZA ADVOCACIA!