Fim da lava-jato

O Brasil perdeu mais uma vez. E desta vez a derrota é para a corrupção.

A maior e mais bem-sucedida operação de combate à corrupção do Brasil recebeu seu golpe fatal nesta segunda-feira. A força-tarefa da Lava Jato no Ministério Público Federal (MPF) em Curitiba foi dissolvida neste dia 1.º, por decisão do procurador-geral da República, Augusto Aras, apesar de ele mesmo ter determinado anteriormente que o grupo continuaria trabalhando na configuração atual até outubro deste ano. As investigações até continuarão, mas bastante enfraquecidas: os procuradores serão incorporados ao Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do MPF paranaense, mas apenas parte deles seguirá com os casos do petrolão.

O fim da força-tarefa passou a ser uma possibilidade real desde que Jair Bolsonaro escolheu Augusto Aras para chefiar a PGR, em setembro de 2019. As críticas de Aras à Lava Jato eram já bastante conhecidas, e certamente não eram ignoradas pelo presidente da República. Elas não só continuaram, mas também passaram a ser acompanhadas de atitudes de enfraquecimento da força-tarefa, como a intervenção para obter os dados levantados pela operação, no primeiro semestre de 2020.

O fim da força-tarefa da Lava Jato é uma derrota para o Brasil não apenas pela importância das investigações do petrolão, doravante enfraquecidas, mas porque este é mais um ato da destruição do bom combate à corrupção no país. Com todo o arcabouço legal e jurídico que está sendo montado – Lei de Abuso de Autoridade, decisões do STF e de conselhos como o CNMP –, pode não tardar até que os corruptos estejam todos livres enquanto aqueles que agiram dentro da lei para colocar os ladrões na cadeia estejam no banco dos réus. Uma inversão que destruiria qualquer esperança de um Brasil sem corrupção.

É lamentável que justamente aquele que se elegeu com a promessa de defender e ampliar a lava-jato, seja justamente quem a encaminhou para o fim.

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